sábado, 2 de janeiro de 2010

Olhar para 2010

Estamos em 2010. O ano futebolístico, esse, não muda por enquanto. Mas a verdade é que se fizermos caso à frase “Ano novo, vida nova”, há muita coisa para mudar no futebol português (e internacional, já agora).

Que 2010 seja o ano da introdução da tecnologia nas arbitragens; que 2010 seja o ano em que deixe, por favor, de haver casos de arbitragem; que 2010 seja o ano em que deixe de haver salários em atraso; que 2010 seja o ano em que mais pessoas vão aos estádios; que 2010 seja o ano em que Portugal ganhe o Mundial; que 2010 seja o ano em que o Sporting melhore e se revolucione.

Gostava que tudo isto se concretizasse. Mas, tirando o Sporting, acho difícil concretizar-se cada um dos meus desejos. Porque os principais homens do futebol, aqueles que governam e mandam no desporto-rei, aqueles que são, supostamente, aqueles que mais sabem, pessoas de inteligência, afirmam que isto tiraria a verdade ao futebol. Como, pergunto eu?? Se houver mais justiça na arbitragem, naturalmente isso aumentará a verdade no futebol. Venha o chip, a televisão, os 6 árbitros, venha tudo o possível para aumentar a justiça no futebol. Mas venha, por favor!
Em Portugal, os salários em atraso parece uma situação encarada já com alguma naturalidade. Como, pergunto eu?? Não pode ser. Salários em atraso não podem existir em competições profissionais. Os jogadores vivem do que recebem do clube, vivem da motivação psicológica, mas também monetária. Os jogadores precisam de sustentar famílias. E se há clubes devedores, então que sejam punidos: severamente, de preferência. Gostava que o Estrela da Amadora não tivesse sido caso único, pois este clube foi despromovido apenas para a Liga poder dizer “ao menos, já fizemos qualquer coisa”. Não! O Estrela não é o único. E se o Leixões deve dinheiro, que seja despromovido; e se o Setúbal, mesmo sendo um histórico, deve dinheiro, então que seja despromovido. E por aí fora… Que o futebol se torne mais desportivo e que os clubes cumpram as suas dívidas (ao fisco e, sobretudo, aos jogadores). Porque apenas assim o futebol nacional pode evoluir.

Quanto às pessoas nos estádios, é difícil prever que haja mais gente. Pode haver estatísticas de porcaria que dizem que há. Mas é falso. Há no estádio do Benfica, porque de resto, é quase tudo a descer. Porquê? Não apenas o mau espectáculo apresentado (por vezes) nos campos portugueses mas, principalmente, o elevado preço dos bilhetes. Lembro-me perfeitamente que na qualificação para o EURO’2008, Portugal recebeu o Cazaquistão em Coimbra. E eu pedi ao meu pai para irmos ver o jogo. E ele disse-me para ver o preço dos bilhetes. Qual não foi o meu espanto quando vi que custavam entre 5 e 10€… Pensei que me tinha enganado, mas não. Olhei para as bilheteiras da Briosa: preço mínimo para não-sócio: 10€; máximo- 30€. É preciso dizer mais?
De facto, não há noção nenhuma do que é fazer-se boa gestão de bilheteira. É desta maneira que os estádios estão às moscas e vários clubes passam por dificuldades. Nos clubes pequenos (e mesmo nos grandes), as receitas de bilheteira são das mais importantes receitas que existe. Mas os dirigentes pouco ligam. Depois queixam-se. É preciso uma revolução no futebol português, rapidamente. Mas o futebol é cada vez mais um negócio. Os dirigentes têm sempre alguém por trás a comandar. Há interesses. Assim, não há evolução.

Quanto a Portugal, acho difícil que consiga mais do que os oitavos-de-final dão Campeonato do Mundo. Mas veremos se a nossa selecção, depois de uma qualificação difícil, tem capacidade para calar as vozes críticas.

Em relação ao Sporting, para concluir, gostava de o ver subir. Jogar melhor, subir posições. Se o futebol português já é mau quando os três grandes estão bem, podem ver o que é se um deles estiver mau. O problema do clube passa, sobretudo, por estrutura. Mas se houver reformulação com cabeça, tronco e membros, os leões podem voltar ao que eram. O último título foi em 2001/2002 com Augusto Inácio. Muito para um grande. É verdade que o FCP tem estado fortíssimo, mas os clubes de Lisboa só têm a obrigação de o superar. Custe o que custar. E este custo, mais do que monetário, passa por ter visão. Porque nem sempre dinheiro, vale futebol (olhe-se o caso do Benfica durante largos anos). Para bem do futebol nacional, era bom que o Sporting voltasse a ser um Grande. Com “G” grande.

Gostava que os desejos se concretizassem. Mas é quase impossível…

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