quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A lei Bosman

No último Verão participei num programa para jovens chamado "Universidade de Verão" em Coimbra. E num dia, entrámos em contacto com três professores da Faculdade de Direito. Analisámos um caso prático: a lei Bosman. E toda a gente criticou a FIFA que, naquela altura, teve grandes reticências em abrir os mercados internacionais. Viam (os meus colegas) isso como uma discriminação. Errado. Quando pedi a vez para falar, não o pude fazer porque tínhamos de ir embora. Não os pude corrigir...

A FIFA nunca pensou em discriminar ninguém, antes pelo contrário. A organização que gere o futebol mundial esteve, isso sim, à frente de muita gente na maneira de pensar. Vejamos se não tenho razão: em 1995, apostava-se em jogadores nacionais em vez de muitos estrangeiros de qualidade duvidosa (e em Portugal, centenas de brasileiros). Todos conhecemos vários casos de "flop's" e a percebemos que 90% são estrangeiros. Esta aposta em mercados fora de portas leva a que muitos jogadores se percam em clubes de menor dimensão. Se eu gosto de ver Saviola ou Falcão? Claro. Mas também gostaria de ver actuar nos nossos relvados Tiago, Pedro Mendes, Nuno Morais ou outros desta classe, já para não falar dos mundialmente famosos Bosingwa, Cristiano Ronaldo ou Simão Sabrosa; com esta situação, muitos jogadores nacionais nem sequer são falados no seu país e os naturalizados vão aumentando de dia para dia com esta globalização.

Com esta aposta aumentam as dívidas e gasta-se dinheiro em jogadores que acabam por não se adaptar; com este aumento das dívidas (sobretudo as grandes movimentações) algumas equipas ficam muito mal financeiramente. Repare-se que as duas melhores selecções nacionais de sempre (1966 e 2004) eram compostas por jogadores que habitavam maioritariamente em Portugal.
Em 66, todos; em 2004, viam-se quatro presenças no onze titular de jogadores que não estavam cá: Jorge Andrade (Deportivo); Figo (Real Madrid); Cristiano Ronaldo (Manchester United); Pauleta (PSG). Este ano, apenas quatro homens jogam em Portugal (Eduardo, Bruno Alves, Meireles, Liedson). E nos suplentes, vemos os guarda-redes, Rolando, Veloso e Moutinho. Manifestamente pouco. Os jogadores conhecem-se mal.

Depois, a abertura dos mercados levou ao aumento o desemprego dos jogadores nacionais. As pessoas desanimam-se com o mau espectáculo praticado, às vezes até têm dificuldade em dizer os nomes dos jogadores (ex: Panandetiguiri).

No entanto, apesar da globalização, os jogadores de cada país nunca perderão a sua identidade. É isto que torna o futebol interessante. A uniformização das maneiras de jogar só tornaria enfadonho. Um jogador brasileiro tratará sempre a bola de maneira diferente da de um alemão. É a lei do futebol. Há vários estilos e sempre haverá, por mais transferências que haja...

"O Acórdão Bosman não está, certamente, na génese de todos os males que afectam o futebol europeu. Porém, a verdade é que veio obliterar salvaguardas que os responsáveis do futebol haviam estabelecido de forma conscienciosa, nunca com o objectivo de sobrepor o futebol à legislação da União Europeia, mas antes com o propósito de preservar a natureza específica do jogo e prevenir a exploração".Isto disse-o Lars Christer-Olsson, director-executivo da UEFA em 2005, aquando da comemoração dos 10 anos da Lei Bosman.

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