sábado, 25 de junho de 2011

O novo Sporting


Finalmente, acho que o campeonato português terá novamente os três grandes a lutar pelo título de forma forte e aguerrida; ao longo da última década, habituei-me a ver Benfica e Sporting fracos em anos alternados (às vezes até no mesmo ano) e uma outra vez um FCP mais em baixo (ano pós-Mourinho). Mas este ano, acho que o campeonato português tem tudo para voltar a ser o que era há alguns anos atrás (talvez até tenha quatro candidatos, veremos o novo Braga).

Com a liderança de Godinho Lopes, o Sporting voltou à mó de cima. O novo presidente rodeou-se de gente que sabe de futebol, colocou Carlos Freitas para director-desportivo e ainda foi buscar Domingos ao Braga (para mim, o melhor treinador do nosso campeonato). Para mais, o novo presidente já demonstrou de forma clara (ex: Dayro Moreno) que não brinca em serviço e não cede a pressões vindas de jogadores.

Com o trio, apareceram também as contratações de Rodriguez (ex-Braga), Arías (lateral-direito que parece prometer muito mas, sinceramente, não o conheço), Rinaudo (já falei nele no post anterior e parece-me ser uma grande escolha) e, sobretudo, Van Wolfswinkel, avançado contratado ao Utrecht por 5,5M€ e sem dúvida uma grande aquisição.

O “novo Sporting” parece ter sido muito bem pensado e organizado, envolvendo também sigilo nas contratações (Rinaudo e Wolfswinkel foram verdadeiras surpresas). Gosto da forma de pensar dos três novos principais intervenientes da vida sportinguista e acho que estão no bom caminho para se reerguerem após o tufão que passou por Alvalade nas últimas duas épocas. As condições estão reunidas para termos um Sporting forte outra vez, a lutar pelo título e a tornar a luta mais interessante. Ainda bem pois num futebol pouco competitivo como é o português, é bom que os três grandes, pelo menos, estejam em boas condições!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Observando a América do Sul: O onze do Campeonato Argentino 2010/2011



O Velez Sarsfield sagrou-se campeão total de 2010/2011 na Argentina, ao vencer o Clausura com mais de dois pontos de vantagem sobre o Estudiantes de la Plata (o clube de Enzo Peréz, a caminho do Benfica). Uma equipa bastante organizada, a qual mais tarde analisarei neste mesmo blog.

Por enquanto, deixo aqui aquele que é para mim o melhor onze do Campeonato Argentino 2010/2011:


GR. Luís Ojeda (Argentinos Juniors) – O Argentinos foi a melhor defesa do Clausura e Ojeda muito contribuiu para esta estatística. É muito jovem para guarda-redes (fez 21 anos em Março) e é internacional sub-20 argentino. Promete muito.

LD. Fernando Tobio (Veléz) – Lateral de 21 anos, dá profundidade pelo lado direito à equipa, que aposta muito nas subidas dos laterais para desequilibrar pelas faixas. Não se limita a atacar e cumpre bem o seu papel defensivamente, tendo origens de defesa-central.

DC. Jonathan Maidana (River Plate) – Defesa-central que vai completar 26 anos em Julho e é talvez o melhor central do campeonato. Internacional A pela Argentina recentemente, Maidana tem um sentido posicional muito elevado e é muito forte no jogo aéreo.

DC. Sebatián Hoyos (Lanús) – 29 anos, o central impôs-se como um esteio na defesa do 2º classificado do Clausura deste ano. Hoyos marca muito bem em cima e, a par de Valeri, foi o jogador de campo mais utilizado na equipa.


LE. Luciano Monzón (Boca Juniors) – Tem 24 anos é dos laterais mais equilibrados do futebol argentino. Tem uma disciplina táctica muito considerável tendo em conta o país onde joga e é muito aguerrido na luta pela bola; está pronto para vir para a Europa e foi chamado para Copa América.

MC. Rinaudo (Gimnasia la Plata) – Sim, é mesmo o jogador que vem para o Sporting a custo zero. Rinaudo é, na minha opinião, um dos melhores médios-centro do campeonato, aliando técnica a boa condução de bola e grande capacidade de marcação. Um jogador que pode, sem dúvida, fixar-se como titular indiscutível no miolo sportinguista.

MAD. Enzo Peréz (Estudiantes) – O médio argentino é o melhor jogador do campeonato do seu país e foi convocado para a Copa América, sendo que uma lesão no pulso o deve impedir de representar o seu país. Fino recorte técnico, grande visão de jogo e capacidade de passe, aos 25 anos pode dar muito ao Benfica. (na foto)

MC. Valeri (Lanús) – O ex-FC Porto demonstrou estar em grande forma e isso valeu-lhe até uma chamada à Copa América. Valeri jogou muito neste campeonato, sobretudo no Clausura, e assumiu-se como a grande figura do Lanús, que surpreendeu muita gente nesta época. Actua sobretudo pela direita (tal como Enzo) mas também faz o corredor central, quer como médio-centro quer como “10”.

MAE - Lamela (River Plate)
- Parece não fazer sentido colocar dois jogadores de uma equipa que corre o risco de descer mas a verdade é que Lamela encantou a Argentina no Apertura 2010. Muita técnica e dribles bonitos, Lamela é seguido de muito perto por Nápoles e Lazio. Aos 20 anos, tem grande margem de progressão e pode ainda crescer mais um ano no seu país antes de vir para a Europa.

AV. Pablo Mouche (Boca) – O jogador é seguido por vários clubes ingleses (entre eles, o Liverpool) e, de facto, parece ser um grande avançado. Móvel, não marca muitos golos, preferindo cair nas faixas e procurar um ponta-de-lança mais fixo (no Boca, faz dupla com Palermo). Esteve melhor no Apertura 2010 mas continuou em bom plano neste Clausura, demonstrando ter grande técnica.

AV. “El Tanque” Silva (Veléz) – O avançado teve uma passagem pelo Beira-Mar há 6 anos atrás e, na altura, chamou-me a atenção pelo facto de sempre me ter parecido bom jogador. Encontrei-o alguns anos depois no Campeonato Argentino, actuando como “homem-golo” no Veléz que domina o país das “Pampas”. Tem uma média superior a 0,5 golos/jogo e afirmou-se como goleador máximo do campeonato. Com 30 anos, o estilo mantém-se: fisicamente forte, homem de área, pouco móvel e sempre a pedir a bola.

Saída de André Villas-Boas


Esta semana, o futebol português foi abalado pela notícia da saída de André Villas-Boas, que de treinador do FC Porto passou para treinador do Chelsea. O “Special Too” (também especial, em português) regressa ao clube inglês (agora como treinador principal) e acaba por se tornar, aos olhos dos adeptos portistas, um traidor. Mas o “traidor” vai receber 5 milhões de euros por ano, dinheiro que os dragões nunca poderiam pagar ao jovem treinador português.

Apesar de tudo, estou de acordo com aqueles que dizem que era escusado Villas-Boas andar a cantar aos sete ventos que nunca abdicaria de livre vontade da cadeira principal no banco do Porto, que não sairia dos dragões por motivo algum e que, sendo portista desde pequenino, era natural achar esta a melhor cadeira do mundo. Por 5M€ por três épocas (ou seja, 15 milhões de euros), André Villas-Boas mudou o seu discurso, passou a poder abdicar dessa mesma cadeira de sonho e correu para o Chelsea, ex-clube do seu ex-tutor. Como o próprio disse, o sentimento de traição é normalíssimo entre os adeptos portistas.

Quanto ao clube em si, o Chelsea precisa de alguns novos jogadores mas não numa revolução, ao contrário do que se fala. O Chelsea não é o Sporting, diga-se de passagem. Lampard não é Zapater, e por aí fora. Mas concordo que necessita de algumas contratações. Falcão, Subotic ou Hazard seriam boas opções para o clube londrino.

Por fim, em relação ao clube azul-e-branco, é bom que os adeptos benfiquistas e sportinguistas não deitem foguetes antes da festa; mesmo que Falcão e Moutinho saiam. O FCP é uma das equipas com melhor capacidade para se regenerar quando acontecem situações deste género e, ao longo dos anos, os dragões conseguiram ir-se renovando com qualidade e eficácia. É verdade que a saída de Villas-Boas abalou indiscutivelmente o plantel portista; mas, mesmo assim, não faz sentido cantar vitória antes do tempo.

Até sempre Tomislav Ivic!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Os empréstimos do Benfica


Por esta altura, o Benfica tem um plantel vasto em opções, tão vasto que há excedentes. Esses excedentes, como em todas as épocas desportivas, são emprestados e dois brasileiros já seguiram o seu caminho: Airton e Felipe Menezes retornaram ao seu país de origem para representar, respectivamente, Flamengo e Botafogo.

Ora, não posso deixar de revelar a minha surpresa por estes empréstimos se concretizarem com clubes brasileiros. Porquê? Porque, sinceramente, não acho que seja a melhor opção o regresso ao Brasil de dois futebolistas em evolução. Se uma equipa europeia quer fazer com que os jogadores evoluam de forma eficaz para contribuírem no ano seguinte para o clube, não deve fazer com que os jogadores regessem ao seu ‘habitat natural’. Assim, invertem o processo de evolução e fazem com o que o jogador regrida neste mesmo processo. E faz com que acabem por voltar menos preparados do que antes, uma vez que desaprendem aquilo que conseguiram interiorizar ao longo da sua estadia na Europa.

Na minha opinião, aliás, Airton devia ser opção imediata no plantel encarnado, pois não tenho dúvida de que é melhor que Matic e Nuno Coelho. Quanto a Felipe Menezes, reconheço-lhe valor mas a verdade é que o Benfica tem muitas e bem melhores soluções para a posição “10”. Aimar, Gaitán, Bruno César, Carlos Martins ou até mesmo Enzo Pérez poderão fazer aquela posição e portanto não faz sentido manter Menezes no plantel; no entanto, mais valia ficar no campeonato português (numa equipa de menor dimensão, onde jogasse regularmente e se mostrasse a Jesus) do que voltar ao Brasil, até porque o Botafogo está bastante bem servido nessa posição (Maicosuel, Arévalo são dois grandes “meias”). A rever por parte da Direcção encarnada.