domingo, 24 de janeiro de 2010

Análise ao Belenenses


Nélson, Mano, Arroz, Diakité, André Pires, Gabriel Gomez, Barge, Celestino, José Pedro, Fredy e Yontcha; este foi o primeiro onze do Clube de Futebol Os Belenenses no presente campeonato. Viriam depois a chegar Lima e Beto, respectivamente, para o ataque e a defesa. No banco, começou o treinador João Carlos Pereira.

Esta é a equipa que ocupa, de momento, o último lugar da classificação da Liga Sagres 2009/2010. Estranho esta posição. O grande problema é a falta de estabilidade. Desde o início do ano que o histórico clube do futebol português ainda não conseguiu ter um onze-base. A rotatividade é boa quando assim se justifica. Não neste caso e o "Belém" está a sentir os efeitos negativos na pele. Ao mesmo tempo, há juventude em demasia no plantel e nas primeiras cinco jornadas apenas Devic era um jogador relativamente experiente (e ainda assim, tem apenas 25 anos). Por fim, só seis jogadores deste plantel têm mais de 26 anos e vários têm idades situadas entre os 18 e os 23 anos. Por exemplo, o banco da equipa nos primeiros jogos do campeonato era composto por jogadores bastante novos e um ou outro saídos dos juniores neste ano.

Os azuis até são uma equipa agradável com bola. O problema é quando, sem bola, os graus de exigência de transição e organização defensiva sobem. Tem um enorme deficit de agressividade sobretudo no eixo-central. Com Beto melhorou um pouco mas não o suficiente para defender bem. Por isso mesmo, torna-se incompreensível ver Devic tanto tempo no banco, um jogador que era uma das maiores esperanças da equipa no início da época. Com os reforços Mustafa e Marcos António, esperam-se melhorias no sector mais recuado da equipa. No entanto, o principal problema é à frente da defesa: pouca intensidade sem bola de Gavilan, o que, em 4x1x3x2, com Zé Pedro à sua frente, impede a equipa de criar a indispensável zona de pressão em coberturas e recuperação. E aqui também não entendo as ideias dos treinadores: esta equipa talvez se desse melhor com Diakité ao lado de Gavilán, um duplo-pivot que permitisse defender melhor, com maiores compensações e, jogando de maneira mais equilibrada, Gavilán pudesse ajudar a defesa (que é o que faz melhor) e Diakité como principal transportador. Quem não se lembra das boas exibições do maliano no Boavista e no Beira-Mar?

Depois, parece que quando Zé Pedro não joga bem, a equipa se "apaga" por completo. É por aí que a criatividade de Fredy é importante, jogando melhor descaído sobre a ala (como Toni quer fazer) do que jogando mais pelo centro, fixo, ao lado de Lima ou Yontcha. Esta equipa daria-se melhor, com toda a certeza, em 4x2x3x1. É por isso fundamental a contratação de um número 10. Marcinho (na foto), fala-se. Era excelente para o Belenenses. Um jogador bastante criativo, com muita técnica e inteligente na maneira de ver o jogo. Jogando com Zé Pedro na esquerda, o Belém podia voltar a ter um meio-campo semelhante àquele que jogou no ano de Jorge Jesus para a Taça UEFA (na altura, era Silas o "10"). E na frente, Lima como seta apontada à baliza contrária. Yontcha não é uma hipótese descartada, até porque estava a jogar bem antes da lesão grave que o afectou por três meses.

Outra coisa que me indignou em João Carlos Pereira foi o desprezo que deu a Freddy Adu, raramente utilizado numa equipa que precisava de novas ideias em campo. Um jogador daquele nível, bem trabalhado, podia dar a tal criatividade em falta nos azuis do Restelo. Pelo contrário, foi dispensado... E com o mercado quase a fechar, era bom que direcção conseguisse contratar mais alguém para o ataque, alguém que permitisse jogar em mais do que um sistema táctico. E, já agora, começar a apostar mais em Azeez, jogador muito jovem, nigeriano, mas que se for entrando aos poucos, evoluirá e poderá ser um jogador importante como suplente.

Com a chegada de Toni, talvez a equipa suba de rendimento. Mas a verdade é que o tempo escasseia e uma nova dinâmica precisa-se. Os adeptos sofrem, a equipa também, a hora é de mudança...

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