quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Olhar sobre 2009 IV


Neste último post sobre o ano que está a acabar, falo sobre as outras modalidades. Sobretudo sobre Nelson Évora e Telma Monteiro, vice-campeões mundiais nas suas categorias.

Mas, sobretudo, há uma falta de condições gritante para os atletas poderem trabalhar. Não se percebe como num país desenvolvido como Portugal, os atletas (vários deles olímpicos) têm tão poucas condições para desenvolverem as suas capacidades. Lembro-me rapidamente de um atleta da Figueira da Foz, João Costa (na foto), campeão do Mundo numa secção de Tiro (que, sinceramente, eu não sei qual é) e que nem sequer tem sítio para treinar. Como é possível? Um campeão do Mundo que não tem espaço sequer para treinar. Depois, às vezes,, espaços até há, mas são mal aproveitados.


Repare-se em Coimbra: o arquitecto do estádio teve uma belíssima ideia em criar uma pista de tartã, e com tantas queixas sobre falta de lugar para treinar, aquela pista nem sequer é utilizada. Mal aproveitada, portanto.
Quanto à comunicação social, é triste ver como ligam pouco às modalidades sem ser ao futebol. Incrível, mesmo. Mas mesmo assim, há atletas aos milhares pelo país inteiro que tentam desenvolver o seu trabalho, com o objectivo de, um dia chegarem ao estatuto de Nelson Évora, Naide Gomes, Telma Monteiro ou Vanessa Fernandes. Ms é triste, porque temos desportistas que deviam ser muito mais reconhecidos do que aquilo que o são na realidade.

Neste ano de 2009, conseguimos dois bons resultados. Naide desiludiu e ficou em 4º. Mas mesmo assim, é a 4ªmelhor do Mundo! Nelson e Telma ficaram no lugar intermédio do pódio. Nelson foi ultrapassado pelo britânico Idowu, perdendo para os 17,73m do campeão (Nelson saltou 17,55m). Foi nesta mesma altura que a Naide Gomes conseguiu o 4ºlugar, o lugar mais frustrante para os atletas.

Quanto a Telma Monteiro, na estreia nos Mundiais de -57kg, conseguiu um excelente 2ºlugar, atendendo a que era uma estreia nesta categoria. Telma é a nº1 do ranking, campeã europeia e vice-campeã mundial. É uma atleta de grande valor e tem tudo para se tornar campeã Mundial na próxima competição. Este ano, em Roterdão, teve um desempenho brilhante.

Por fim, Vanessa Fernandes. O público só quer resultados. Mas a verdade é que os atletas têm de abrandar durante algum tempo. Em 2008 a tri-atleta teve um grande ano mas em 2009 teve resultados bastante maus, devido à gestão de esforço. O seu pai, o velho "Lau", já avisou que é natural que em 2009 (já passado) e 2010 a Vanessa venha acumular resultados menos bons, pois o seu grande objectivo são os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres. E é aí que o povo que quer a Vanessa ganhe. Portanto, os críticos que se calem e esperem pela sua corrida em Londres. Aí é que vai ser importante.

Espero que em 2010 haja melhoria nas condições de trabalho para os desportistas. Mas neste país, tudo parece mais complicado do que na realidade é.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ibson, sempre mal-entendido


Muito se fala na questão da substituição de Lucho Gonzalez no Futebol Clube do Porto. Faz muita falta, é certo. Mas acho que o Porto nunca percebeu a melhor maneira de substituí-lo.

Lucho desempenhava funções especiais na equipa: defendia, atacava, fazia a transição meio-campo/ataque e entendia-se às mil maravilhas com Raul Meireles. Pinto da Costa contratou Belluschi e Valeri para o substituir. O primeiro é bom jogador; o segundo ainda ninguém sabe. Depois, há Guarin e Tomás Costa. Mas estes dois ainda não deram mostras de real valor para poderem jogar naquele lugar.

Jesualdo (ou Pinto da Costa) quis Belluschi para assumir o papel de "Comandante" da equipa. Mas a verdade é que o argentino não é jogador para actuar naquela posição. É mais para um losango. E acho que esta contratação foi muito mal-estudada pelo FC Porto. Logo se denotaram falhas defensivas em Belluschi, naturais num jogador que nunca tinha sido levado a fazer tal coisa. Mas se essas falhas eram assim tão óbvias, como é que ninguém da estrutura dos dragões percebeu isso? Muito estranho. A verdade é que ninguém pensou nisso. Toda a gente viu Belluschi como Anderson, um nº10 que se podia adaptar facilmente ao estilo de jogo do Porto e jogar da maneira que Jesualdo queria. Mas até agora, ainda nenhuma evolução se viu.

Uma questão? Se Jesualdo não queria um nº10, mas sim alguém semelhante a Lucho, porque raio é que Belluschi foi contratado? Não percebi. Se o sistema dos azuis-e-brancos não dá para o ex-Olympiakos, porque raio é que o contrataram? Não percebi. E acho que pouca gente percebeu. O argentino é muito mais "Aimar" do que "Lucho" e gosta de pegar sozinho na equipa, não tendo alas a "incomodarem-no". E assim torna-se complicado perceber o que é que Belluschi anda a fazer no plantel do Porto.

Desta maneira, recordo-me de um jogador. Um grande jogador, por sinal. Ibson. Lembram-se? Eleito o melhor do Brasileirão em 2008, nunca foi percebido no FCP. Mesmo com mudanças de treinadores, Ibson nunca mais voltou aos dragões. Porquê? Também nunca cheguei a perceber. E Ibson era o jogador perfeito para o lugar de Lucho. Sabe defender bem, sabe atacar muito bem, faz transições e sente-se confortável naquele sistema. O FCP enxutou-o. Co Adriaanse e Jesualdo nunca chegaram, sequer, a olhar para ele. Não percebo como. Um jogador talentoso e perfeito para aquele lugar. Mas foi embora definitivamente para o Spartak de Moscovo. Nunca compreendi a sua trajectória: de ídolo no Brasil para Portugal, voltou a ser ídolo no Brasil e há uns meses transferiu-se para ... o Spartak. Incompreensível.

A única solução que vejo é esta: experimentar Valeri naquela posição e ver no que dá. Ou então, tentar introduzir em Belluschi alguns conceitos mais tácticos. Vamos ver a evolução destes dois argentinos no FC Porto...

Olhar sobre 2009 III


No terceiro post sobre 2009, falo sobre o FC Porto. É inevitável. Aliás, já é habitual destacar o Porto pelas melhores razões. Títulos é o que normalmente não lhe falta e bom futebol também não. Este ano, ganhou tudo a nível interno (só lhe faltou a Taça da Liga) e a nível externo esteve bastante bem, chegando aos quartos-de-final da Champions, perdendo com o Manchester United (aquela bomba de Ronaldo...). Foi mais um ano à "Pinto da Costa". Ou melhor, meio ano. Mas já lá vamos.

Se bem se lembram, o FCP não começou muito bem o ano. Alguns empates e tal... Mas depois, entrou no "rolo compressor" habitual e a máquina engrenou. Lucho, Lisandro, Hulk (quando ainda era Incrível), Bruno Alves ou Raul Meireles metiam as mudanças num comboio em que ainda entravam Rodriguez, Fernando, Cissokho, Fucile, Rolando e Helton. Esta era a estrutura-base do onze. Havia jogadores que o espreitavam, mas a máquina funcionava melhor com estes onze jogadores. No banco, Jesualdo Ferreira soube revolucionar a equipa na entrada de 2009 e eliminar o Atlético de Madrid quando este vinha de vitória sobre 4-3 sobre o Barcelona e de um bom resultado no derby de Madrid, foi um feito. Depois, o sorteio ditou o Man.United do (ainda) CR7 e de Sir Alex Ferguson.

No 'Teatro dos Sonhos', o FC Porto conseguiu um empate a 2, fruto de imensa luta e de vários momentos do jogo em que os anfitriões nem sequer existiram. No Dragão, logo aos 6 minutos, Cristiano Ronaldo resolveu a eliminatória com uma bomba, considerada o melhor golo do ano. No entanto, o mérito não desapareceu. A nível nacional, apenas o Benfica chegou a ser hipótese de ameaça, mas dobrar do campeonato, essa esperança caiu por terra. O Sporting nunca pareceu ter argumentos e, além disso, os azuis-e-brancos mandavam em todo o lado (casa e fora). O principal problema foi os jogos em casa de Dezembro e Janeiro, em que os dragões somaram vários empates. Mas depois, foi (quase) sempre a ganhar. Ficam na memória as três vitórias seguidas fora sobre adversários difíceis (Académica- que só havia perdido em casa com o Benfica-, Vitória de Guimarães e Marítimo) por 3-0.

A Taça foi ganha ao Paço de Ferreira, com golo de Lisandro e a Supertaça, em Agosto, por 2-0. No entanto, os problemas começam a aparecer pelo Norte. A época não tem corrido muito bem, o FCP está em 3º, a 4 pontos dos líderes e apanhou o Arsenal nos oitavos-de-final da Champions. O futebol já foi melhor noutras alturas e com Hulk a atravessar uma fase de manias, a recuperação está difícil. Ao longo destes anos, o Porto sempre conseguiu reagir bem às adversidades mas este ano, parece complicada a substituição de Lucho Gonzalez. Não tanto de Lisandro, substituído por uma ave de rapina mas, sobretudo, a d'"El Comandante".


Uma vez mais, o FC Porto saberá responder às adversidades. Vamos ver é quanto tempo vai levar até à melhoria de forma... 2010 está aí à porta, e como se costuma dizer "Ano novo, vida nova"...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Olhar sobre 2009 II


Neste segundo post do "Olhar sobre 2009", falo sobre o Barcelona. Não é a primeira vez. É normal. Esta equipa marcou um ano; mas mais do que isso, promete marcar uma época (não como um ano, mas sim como alguns anos).

Esta equipa é uma verdadeira máquina. Dá prazer vê-la jogar. Ganhou seis(!) títulos, tudo o que havia para ganhar: fez o 'triplete', ganhou a Champions, ganhou o Mundial de Clubes e ainda a Supertaça Europeia. Tudo! E mais importante do que isso, jogou talvez o melhor futebol de que há memória nos últimos 10/15 anos. Porque esta equipa joga de maneira diferente.
Joga como um autêntico carrossel, um comboio de alta velocidade, num futebol apoiado e consistente, futebol contínuo e de ataque, com um meio-campo fortíssimo (Iniesta, Xavi e a variação entre Yaya e Keita) e com uma "pulga" dentro de campo: Lionel Messi. Jogadores que fazem a diferença em qualquer jogo.

Desde o 6-2 em Madrid, passando pela vitória em Roma sobre o Manchester de CR7, até à última conquista do ano (Mundial de Clubes), este Barça dominou e controlou os principais jogos que fez e já nesta segunda metade do ano, ganhou 2-0 ao Inter de Mourinho e 1-0 ao Real Madrid. Guardiola montou uma verdadeira equipa, onde não há lugar a "manias" de jogadores, nem a desrespeito. Há, isso sim, um grupo, uma verdadeira equipa. Jogam com alegria, como se jogar um 'derby' com o Real Madrid ou jogar uma final da Champions fosse uma brincadeira de crianças. Repito, dá prazer ver jogar o Barcelona. O seu onze-base é este: Valdés, Dani Alves, Abidal, Piqué, Puyol, Xavi, Yaya, Iniesta, Messi, Henry, Ibrahimovic (não esqueçamos Eto'o, fundamental nas conquistas do ano passado). Olha-se para o banco e vê-se Maxwell, Chygrynskiy, Keita, Busquets, Pedro ou Bojan, reconfortando o treinador.


De facto, a equipa catalã pode marcar uma era no futebol. Se continuar assim, "arrisca-se" a continuar nesta senda de vitórias. Como há bem pouco tempo disse Pepe Guardiola, "o futuro só poderá ser negro", na medida em que se ganham tudo num ano, basta perderem uma dessas competições no ano seguinte para o a época ser pior. Mas não sei se será assim tão negro. O Barça tem capacidade para "limpar" tudo o que existe, de novo.

Por outro lado, com a aposta na cantera, os catalães pretendem assegurar o futuro da equipa com jogadores jovens (ex: Pedro) e que, com uma boa integração, possam desempenhar funções importantes na equipa a curto/médio-prazo.

2010 vem aí. Provavelmente, Guardiola terá razão na sua afirmação. Vamos ver é quão "negro" será o futuro deste Barça.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Boxing Day ... Hull vs Manchester United



Por estes dias, o futebol europeu pára. Época festiva, os jogadores tiram férias para passarem tempo com a família. Em Inglaterra não. Entre 26 e 28 de Dezembro jogam-se duas jornadas do campeonato, e chama-se a est altura o "Boxing Day". A origem do nome nasce das caixas ('box' em inglês) que, durante esta época, eram colocadas nas igrejas para receberem dinheiro para os pobres. Essas caixas eram abertas no dia de Natal e, apurada a colecta, esta era distribuída no dia seguinte, 26, o Boxing Day. (Informação copiada do Semanário Expresso).

É uma tradição histórica em Inglaterra. As famílias enchem os estádios e joga-se futebol do melhor. Ontem não tive oportunidade de ver o Birmingham-Chelsea mas hoje sentei-me para ver o Hull City vs Manchester United, jogo que fechou a 19ªjornada da Premiership. Ou seja, fecha a 1ªvolta do campeonato. Os "red devils" precisavam de vencer para reduzir a desvantagem para o Chelsea para apenas 2 pontos. E assim aconteceu.

Vi este jogo porque este ano ainda não tinha visto um jogo inteiro do Manchester. E não fiquei lá muito satisfeito com o que vi. Fala-se muito que o MU baixou de rendimento depois da saída de Ronaldo; sim, é verdade. Mas mesmo assim, o bi-campeão inglês tem obrigação de fazer muito melhor do que o que eu vi hoje. Ganhou 1-3, é certo, mas não mostrou um futebol muito agradável. O que eu acho é que o Manchester depende de Rooney.

O MU iniciou o jogo num 4x4x2 tradicional, duplo-pivôt (Carrick e Fletcher) à frente da defesa e dois alas (Giggs e Valencia) no apoio a Rooney e Berbatov. Este é o sistema tradicional desta equipa que não contou com Nani (por opção) nem com Ferdinand (por lesão). Owen sentou-se no banco.

O Manchester depende muito de Rooney. Quando ele aparece, a equipa de Ferguson aparece. Quando ele não joga bem, acontece o mesmo à sua equipa. Os adeptos perguntam-se porque é que Ferguson não gosta de Owen, quando ele é melhor que Berbatov. O búlgaro é um jogador algo lento e neste sistema não tem rendido muito. Não é a melhor opção para jogar em parelha com Rooney e neste enquadramento, Owen aparece como clara solução ao lugar. Seria óptimo vê-lo voltar à titularidade de um grande inglês. Outra questão fundamental é o rendimento (ou falta dele) de Valencia: O United teve de pagar 36M€ por ele, mas está a anos-luz do rendimento exigido pelos adeptos e pela crítica. Hoje fez mais um jogo fraco e parece claro que Park e Nani são melhores opções para aquele lugar. O equatoriano não tem rendido como se quer e parece óbvio que não pode continuar assim. O Manchester fez uma aposta de risco ao pagar tanto por um jogador que jogava no Wigan e que, com a saída de Ronaldo, podia ainda não estar preparado para tal responsabilidade. Não teria sido melhor ir buscar alguém mais seguro?

Quanto à restante equipa, vi uma belíssima exibição de Michael Carrick no meio-campo, a impôr leis. Rooney, esse, está em grande forma. Marcou o 1º golo, aquele que "abriu o livro", fez o cruzamento que levou ao auto-golo de Dawson e, para concluir, assistiu Berbatov no 3º. Mias um golo na conta pessoal, mais uma belíssima exibição. Ferguson agradece, Capello reza para que o avançado se mantenha assim até ao Mundial 2010.

Quanto ao Hull, deu-se ao luxo de ter Geovani, Hesselink e Kilbane no banco, mas mesmo assim rubricou uma boa exibição. Jogou taco-a-taco com o vice-líder da Premier League e mereceu mais do que a derrota. Chamou-me a atenção um jogador, conhecido internacionalmente: Bernard Mendy, lateral-direito, que já passou pelo PSG. Muito seguro a defender, a atacar quando assim tinha de ser. Por acaso, faz-me alguma confusão como este jogador nunca atingiu outros voos! Passou pelo PSG e agora pelo Hull, mas nunca representou um clube de maior dimensão. É, tal como Lucho, daqueles jogadores que tenho de pena de não ver pisar outros palcos.

O Manchester United reduziu a desvantagem para o Chelsea, para dois pontos. Vê o Arsenal a dois pontos. Estes são os três grandes candidatos ao título em Inglaterra. Mas o GIGANTE é o Chelsea. Vamos ver se a equipa de Sir Alex Ferguson tem capacidade para reagir à diferença de valores.

Olhar sobre 2009 I


27 de Dezembro de 2009. Daqui a 5 dias, estaremos em 2010. E 2009, futebolisticamente falando, ficou marcado por uma equipa: Barcelona. Equipa fabulosa, com grandes jogadores, um autêntico carrossel de grande velocidade; por cá, nada de novo. O "triplete" do FC Porto e a difícil qualificação de Portugal para o Mundial 2010 foram acontecimentos importantes ao mesmo tempo que o Benfica fez uma revolução na equipa (mais uma); o Sporting passa dificuldades, Paulo Bento demitiu-se em Novembro; os clubes acumulam salários em atraso; o Estrela da Amadora desceu na Secretaria da Liga com esse mesmo problema; o Olhanense e a União de Leiria voltaram ao convívio dos grandes.

Começo esta revista por 2009 pela selecção de todos nós. Aquilo que mais nos interessa. A selecção portuguesa teve grandes dificuldades para entrar na fase final do Mundial 2010, a realizar-se na África do Sul. Num grupo com dois nórdicos, ossos duros de roer, a selecção teve mais dificuldades do que se esperava.

Tudo começou normalmente. A goleada imposta a Malta por 4-0 foi encarada com toda a normalidade pelos adeptos. E, de facto, era a nossa obrigação. No entanto, na jornada seguinte, os problemas começaram. Portugal fez, talvez, o melhor jogo de qualificação dos últimos anos, teve 6 ou 7 oportunidades de golo na cara do guarda-redes mas, com um festival de desperdício, apenas marcou 2 golos. Nani e Deco (de 'penalty'). Aos 86', Deco fez o 2-1 para descanso dos portugueses. Mas o futebol tem coisas inexplicáveis; não segue a lógica; não tem justiça; e aos 91' e 92', a Dinamarca marcou golos que transformaram um resultado bom num resultado péssimo. 2-3.


Depois, o empate a zero na Suécia foi visto como bom. Mas uma vez mais, a selecção comandada por Carlos Queiroz voltou a ter problemas em casa. 0-0 com a Albânia em mais um festival de falhanços, bolas nos postes, azar incrível e, no fim, um empate sem golos. Começava a ser preocupante, no mínimo. Mas demos-lhes o benefício da dúvida.

Em Março, Portugal recebeu no Dragão a Suécia. E todos diziam "Portugal tem de ganhar". Mas não ganhou. Mais um empate a 0, a história já vocês a sabem... E agora sim, tornava-se fundamental vencer todos os jogos. Não se podia inventar mais. Queiroz fechou o grupo. E depois, em Junho, a viagem a Tirana. Tudo parecia caminhar para o abismo, mais um empate em caixa, 1-1. Mas aos 93 minutos, já para lá dos descontos, já para lá de uma história que não se via como ter um final feliz, ergueu-se nas alturas um homem, talvez o jogador com mais impulsão no futebol mundial: Bruno Alves. O guarda-redes ajudou, depois do cruzamento de Meireles, um cavalo apareceu a cavalgar na área, saltou (um salto que para os portugueses parecia em câmara lenta) e cabeceou mesmo na cara do guardião albanês. Descrevi na altura esse golo como um golo de raiva. E foi. Bruno Alves foi a cara do sofrimento, foi a cara, ao mesmo tempo, da alegria. O estado de espírito de um país na face de um jogador. E esse golo empurrou-nos. Empurrou um país mas, sobretudo, empurrou uma selecção.

Era tempo de fazer contas. Eram difíceis, sim. Ainda para mais suspeitava-se de uma parceria entre Dinamarca e Suécia para afastar Portugal. Não houve.

Setembro de 2010. Portugal visitava Copenhaga; era necessário ganhar para que a Suécia não fugisse. Não ganhámos. 1-1. Falhámos muito, novamente. Liedson marcou o golo do empate. Da Hungria vinham boas notícias. A Suécia empatava a 1. Mas um golo às três pancadas deu a vitória a uma equipa que teve muita sorte. Nada bom para Portugal. Agora, dependíamos da Dinamarca. Contando que a Suécia ganhasse a Malta e a Albânia, dependíamos do resultado que os suecos fizessem na Dinamarca para podermos passar. Antes disso, tínhamos de ganhar na Hungria. Ganhámos, golo de Pepe. Em La Valetta, a Suécia ganhou com um auto-golo aos 81 minutos, apenas. Mais sorte, portanto.

Chegava finalmente o mês de Outubro. Dia 10. Portugal recebia a Hungria na Luz. Na hora do início, a Dinamarca estaria a acabar o seu jogo com a Suécia. Foi uma noite perfeita. Estive no estádio. Quando o speaker gritou "Vamo-nos levantar porque a Dinamarca acabou de marcar", senti tranquilidade. A mesma tranquilidade que todo o país sentiu. Depois, cumprimos missão. 3-0, dois de Simão e um de Liedson. Na última jornada, em Guimarães, voltámos a ganhar 4-0 a Malta e assegurámos presença no play-off como cabeças-de-série.

Calhou-nos a Bósnia. E em Portugal, Bruno Alves voltou a ser decisivo. Um golo à ponta-de-lança, decidiu o jogo. Na Bósnia, voltámos a ganhar com golo de Raul Meireles. Lembremo-nos que este foi o homem que fez o cruzamento para o golo de Bruno Alves na Albânia. Os dois que marcaram no play-off, construíram juntos um dos golos mais importantes na qualificação de Portugal (o tal golo em solo albanês).

E agora, vamos ao Mundial. O sorteio não foi bom, veremos o que conseguimos fazer. Este ano foi de sofrimento, mas Portugal acabou por conseguir ultrapassar os obstáculos.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Sporting de Braga, o famoso líder


Estamos a chegar ao fim de mais um ano civil. Não um ano futebolístico. Mas a verdade é que, olhando para trás (e para a frente), podemos perceber que pouco ou nada mudou no futebol nacional. Os salários em atraso mantêm-se, novos jogadores estrangeiros às dezenas, sempre o mesmo marasmo no topo da classificação e, por fim, vários casos de arbitragem pelo meio. Mas nesta mediocridade, há alguém que escapa: joga numa Pedreira e dá pelo nome de Sporting de Braga.

Pode-se dizer que este é um clube um pouco à parte dos restantes "pequenos". Tem uma estrutura diferente, um grande presidente/gestor, uma massa adepta que se começa a tornar fiel e tem outros objectivos. Ainda não se podem dizer que sejam objectivos de "grande", mas são diferentes. O Braga está cada vez melhor. Agora, chamamos-lhe líder. E merece. Pelo trabalho desenvolvido nos últimos anos, António Salvador já merece algo de melhor que apenas o 4ºlugar. Com a fraqueza do Sporting, o pódio parece estar garantido. Falta agora saber se conseguirá aguentar a pedalada inicial e manter-se nesta posição até ao final do campeonato.

A posição de Domingos é clara: a sua equipa não é candidata ao título. E para a maior parte das pessoas, não o é de facto. O que esta equipa tem de continuar a fazer, é a provar dentro do campo, jogo após jogo, que o é. Não fazê-lo numa conferência de imprensa ou numa entrevista, mas sim no relvado, Domingo a Domingo. E só assim poderá adquirir mais respeito do que agora tem.

O Braga não tem um grande orçamento. Contrata vários jogadores a custo zero, joga com alguns empréstimos e é um clube vendedor quando assim o tem que ser (João Pereira já foi). O Braga nunca foi vice-campeão sequer. Ainda não ganhou Taças. Mas mesmo nestas condições, começa-se a tornar num histórico do futebol nacional. Vários 4ºs lugares e nem com a sucessão de treinadores (Jesualdo, Manuel Machado, Carlos Carvalhal, Jorge Costa, Rogério Gonçalves, Jorge Jesus, Domingos) tem perdido qualidade. Olhando para este plantel, há jogadores de grande qualidade. Eduardo, Evaldo, Rodriguez, Hugo Viana, Alan, Meyong entre outros, fazem as delícias dos adeptos bracarenses.


E são líderes, é preciso não esquecer. Com um mau início de época, redimiram-se e transformaram, até agora, numa época de sonho. Um sistema de ataque, jogos em casa em que quem manda é o anfitrião, atitude de grande. 14 jornadas estão feitas. Em casa, não há quem lhe vença. Apenas Yontcha(Belenenses) se atreveu a marcar a Eduardo. Igual ao Benfica, com 4 de avanço sobre o Porto. Este Braga aposta na continuidade e Domingos terá ficado satisfeito ao saber que Meyong não vai à CAN. A 2ªvolta vai ser dura, as deslocações à Luz e ao Dragão avizinham-se muito difíceis. Resta saber se terá capacidade para aguentar este ritmo.

Este ritmo de verdadeiro campeão.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

João Pereira e Sinama



Hoje, é dia de Natal. E parece que, por Alvalade, os ares são de renovação. João Pereira já foi oficializado, Sinama está quase, fala-se em Ruben Micael e Evaldo.

Parece, sem dúvida, haver diferença para Angulo, Pedro Silva ou Caicedo. O Sporting está a tentar mudar. Mas esta tentativa tem de ser contínua. Não pode ser esporádica. Estas contratações (a serem confirmadas) vêm claramente melhorar a equipa de Alvalade. João Pereira é, tal como Evaldo, um jogador versátil, equilibrado e de grande qualidade. E a verdade é que o lugar é dele. Tem de se assumir já como titular. Carvalhal precisa dele.

O Sporting está à procura de contratar jogadores para as posições que precisa. É diferente de contratar bons jogadores. É diferente. Mas parece que agora quer aliar qualidade às posições ditas "necessárias de preencher". E é disto que se precisa. Um pouco mais de dinheiro e, obviamente, um pouco mais de cérebro. E se Bettencourt conseguir juntar estas duas condições, então o Sporting tem tudo para se levantar das cinzas (em que está entalado neste momento).

Quanto a Sinama-Pongolle, é um jogador de grandíssima qualidade, FC Porto e Benfica já andaram atrás dele e tem bastante azar no Atlético, pois é suplente de dois craques mundiais: Forlan e Aguero. Era óptimo para o clube ter um jogador deste calibre e Liedson, com toda a certeza, agradeceria. Falta saber se o Sporting conseguirá suportar os custos da transferência e os custos do seu salário. E este acréscimo de qualidade é o que este clube precisa.

Quanto a Evaldo e Ruben Micael, o primeiro já referi neste blog como jogador ideal para os leões. Por cerca de 3M€ conseguirá contrata-lo. Ruben Micael não será bem o jogador que é necessário, pois é mais central. O que se precisa é mais de um homem que faça a faixa direita. Veremos se Bettencourt perceberá isto.

A verdade é que o Sporting está a mudar. E que bom que seria para Portugal...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Um Benfica com cabeça


Bem, acho importante falar sobre o Benfica. Ainda é cedo para se dizer se é o "Novo Benfica" ou não, mas a verdade é que parece querer lá chegar. Escrevo este post porque acho que é necessário.

Nos últimos anos, talvez mesmo desde que sei o que é futebol, fiquei farto de ver o meu clube gastar milhões em jogadores de esterco, gastar dinheiro em corrupção ou então ir contratar os melhores craques que depois nunca davam nada. Contratavam treinadores para, ao fim de um ano ( e é se tivessem sorte) irem embora. Dirigentes sem visão. Desde 1994, desde o último título que o Benfica ganhou com orgulho (aquele de 2004 não conta), que esta equipa tem sido assim. Parece, agora, querer mudar.

E a mudança começa a ser óbvia. As contratações este ano foram diferentes. Pensou-se melhor nos jogadores. Pensou-se melhor no treinador. Pensou-se um bocadinho mais na gestão do dinheiro. Apostou-se mais e melhor. Saviola, Ramires ou Javi García resultaram de uma busca mais pormenorizada de Rui Costa. O primeiro e o último estavam atirados no banco de suplentes do Real Madrid. O do meio, era procurado por mais 10000 clubes (exagero, claro...) mas o Benfica soube encetar negócio da melhor maneira. Depois, procurou "reabilitar" alguns jogadores, fisica-táctica-psicologicamente. David Luiz, Aimar, Di María, Cardozo são bons exemplos. Depois tentou melhorar a posição de defesa-esquerdo. Aí, ainda não tirou grandes dividendos, mas de qualquer maneira, louve-se o esforço.

A seguir, deu maior equilíbrio aos sectores. A confirmar-se a contratação de Airton, os encarnados ficarão com 10 opções para o meio-campo: Javi, Amorim, Airton, Martins, Ramires, Urreta, Coentrão, Di María, Menezes e Aimar. Finalmente, um "miolo" equilibrado. O ano passado, se bem se recordam, Quique jogava no tradicional 4x4x2 com duplo-pivôt à frente da defesa. E viu-se não poucas vezes, Amorim como extremo-direito, Di María a aquecer o banco ou na ala-direita, Aimar como ponta-de-lança e Reyes em sub-rendimento. Depois, Yebda que, apesar de fazer jogos bons, acaba por ficar bem atrás da qualidade de Javi García. Quique nunca entendeu as características dos jogadores. Sempre defendi que o Benfica devia jogar em losango. Aimar a 10, Di Maria ou Urreta na esquerda, Amorim na direita e Katsouranis na posição "6". Depois, Reyes no apoio a Cardozo, pois Suazo apenas rendeu nos primeiros 7/8 jogos da época. Assim, o Benfica talvez tivesse sido um pouco melhor. Mas não o foi.

Com Jesus, voltou-se a jogar bom futebol na Luz. O melhor desde há muitos anos. Os jogadores têm alegria em jogar. Jogam nas devidas posições, sabem o bem o que devem fazer. Javi apoia Aimar, que apoia Saviola, que, por sua vez, apoia Cardozo. A máquina joga bom futebol, com o equilíbrio "imposto" por uma gazela, que se farta de correr: Ramires. É o jogador mais importante do Benfica. Equilibra a equipa em qualquer momento do jogo e a sua participação no Clássico foi fundamental para a boa exibição encarnada. Vai ser vendido por vários milhões, quando custou apenas 7M€. Depois, na outra ala, "El Gigi" para desequilibrar, permite ao Benfica ganhar a dimensão do mais bonito tango, daquele com fintas e passes de letra, aquele futebol bonito para a vista de qualquer adepto. Mas, de repente, um apagão. E é aqui que reside o principal problema de Angelito. Apaga-se com a mesma frequência que se acende e isso prejudica o seu futebol e o seu desempenho. Tem de ter mais cabeça e jogar de maneira bonita mais regularmente.

Depois, no banco, um homem: Jorge Jesus. Estamos a ganhar 1-0? Há que ganhar 2-0. Estamos a ganhar 8-0? Há que ganhar 9-0. E esta atitude é transmitida aos jogadores. "O preço do bilhete tem de ser retribuído pelos jogadores", disse uma vez o técnico encarnado. E é verdade. Portugal agradece, o futebol agradece!

Agora sim, vejo o "Glorioso". Com um investimento de cerca de 25M€. o Benfica tornou-se, finalmente, uma equipa. Tem um plantel equilibrado; joga muito bom futebol; recuperou a grande massa adepta que tem; tem um bom treinador; tem um dirigente que sabe pensar (Rui Costa); tem um sistema táctico que favorece os jogadores; já não tem jogadores como Uribe, Paulo Almeida, Dudic, Toy, Rui Baião, Argel, Fernando Aguiar ou Beto (na foto)...

O Benfica está diferente. No entanto, ainda tem que comer muito até chegar ao nível estrutural do FC Porto. Mas por algum lado tem de se começar... A Nação agradece!

O melhor é Messi


Ontem, na Grande Gala FIFA, Lionel Messi foi consagrado como o Melhor Jogador do Mundo, depois de já ter vencido a Bola de Ouro, entregue pela revista "France Football". Messi, tal como Cristiano Ronaldo (2ºclassificado), é um jogador que vive do desequilíbrio para se mostrar; as suas fintas, passes mágicos e golos tornam-no famoso. Mas o jogador (dos 5 seleccionados) que mais prazer me dá quando o vejo jogar é, sem dúvida, Iniesta. Guardiola disse, uma vez, que o jogador mais importante do Barcelona era Iniesta e não Messi. E a grande diferença de um para o outro, é que o espanhol vive do equilíbrio e o argentino do desequilíbrio. E assim, o Barça junta todo aquele futebol, apoiado ainda por Xavi ou Ibrahimovic. É uma autêntica máquina trituradora.

Julgo que este ano os treinadores e os capitães podiam ter primado um pouco mais pelos jogadores de equipa. A votação foi feita assim: Messi 1073; CR9 352; Xavi 196; Kaka 190; Iniesta 134. Para mim, seria: Messi; Iniesta; Xavi. Porque sem estes três, o Barça não era ninguém. Por isso, têm cláusulas de rescisão enormes, contratos longos e são consideradas peças-chave pelo seu treinador. E este Barcelona promete ficar na história. E esta história não poderia ser realidade se um destes três não lá estivesse. Por isso, defendo que, quer C.Ronaldo, quer Kaka (que ficou em 3º na Bola de Ouro) deviam ter ficado de fora do pódio.



Mas a lógica dos mais vistosos prevaleceu e Ronaldo ficou em 2º com larga vantagem sobre Xavi, que "roubou" o último lugar do pódio a Kaka. Mas acaba por ser justo para Messi. O seu futebol é superior, de outra galáxia, e a sua equipa é igualmente de outro Mundo.

Passando pela história da "pulga argentina", este grande jogador nasceu no dia 24 de Junho de 1987. 22 anos apenas. Incrível! Com 8 anos, apresentou-se ao Newell's Old Boys mas 3 anos depois foi-lhe detectado um problema de crescimento (Messi só tem 1,69m) e foi dispensado do clube. Tentou a sua sorte no River Plate e também não conseguiu. Foi em Espanha que encontrou a felicidade. Mal se apresentou num treino do Barcelona, o treinador das camadas jovens Carles Rexach quis contratar Messi. E assim foi.

Foi subindo degrau a degrau até que, em 2003/2004 se fixou como jogador da equipa principal, com apenas 16 anos. A sua estreia foi num amigável, na inauguração do Estádio do Dragão, contra o Futebol Clube do Porto.

A partir daí, foi conquistando o seu espaço na equipa catalã, ao lado de Ronaldinho e Samuel Eto'o. Foi garantindo a sua presença assídua no onze titular e desde 06/07 que é titular desta grande equipa espanhola. Agora, promete fazer história, quer pelo clube, quer pelo seu país (Argentina).

Assim se conta resumidamente a história da "pulga". O Mundo do futebol agradece!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Análise ao Clássico III - O jogo



Ontem foi o dia do clássico entre Benfica e FC Porto. À 14ªjornada encontraram-se na Luz para mias um jogo de raça, de estádio cheio, de uma vitória fundamental para qualquer uma das equipas. Tudo isto e muito mais representou o jogo de ontem. E no fim a vitória dos anfitriões. A vitória que acabou com os fantasmas, com aqueles que diziam que a grandes, este Benfica não consegue ganhar. Não conseguia... Mas já consegue. E aquele golo de Saviola foi muito mais do que apenas um golo. Representou o renova da esperança em alta, representou 6 pontos (afinal este Porto perdeu 3 pontos e o Benfica ganhou 3), representou o explodir de alegria de cerca de 61 mil pessoas (contando com três mil dragões) e sobretudo representou a vitória sobre o FCP. Aquela que todos queriam.

Sem exagero, este foi um dos jogos mais importantes para os encarnados na última década. Repare-se: nestes últimos dez anos, houve alguns em que o Benfica nem sequer lutou arduamente pelo título; competições europeias, raramente chegou longe (excepção feita aos quartos-de-final da Champions contra o Barça e aos quartos da UEFA contra o Espanhol); por fim, tirando o Benfica-Sporting os últimos dois jogos do campeonato de Trapattoni (Sporting e Boavista), este foi, de facto, um dos jogos mais importantes da década. Veio provar que este Benfica é diferente; veio provar que está superior ao Porto; veio afastar fantasmas; veio colar esta equipa ao líder Braga, esse sim parece não querer outra coisa que não a liderança.

Foi o Benfica que entrou ontem em campo. Como já o conhecemos. Não aquele de Olhão, figura irreconhecível, mas sim aquele que já nos habituou. Passemos então, à análise do jogo.

O Benfica entrou no relvado com o seu losango habitual. No entanto, o onze era uma incógnita até à hora do jogo: Peixoto jogou a defesa-esquerdo, David Luiz no centro (e em boa hora); Urreta jogou na ala-esquerda, Ramires na direita; Carlos Martins assumiu o papel de Aimar, no apoio a Saviola e Cardozo. E, desta maneira, a equipa funcionou. Com os magos argentinos talvez fosse um pouco diferente, mas nada se pode apontar àqueles que os substituíram. Urreta e Martins não só cumpriram ofensivamente como também ajudaram a defesa em momentos fundamentais do jogo, tornando-se peças-chave da equipa no decorrer do encontro. Saíram ambos aos 66', esgotados por ainda não terem ritmo de jogo suficiente. E foi assim que o Benfica venceu.

Entrou melhor o Porto, que, tal como eu tinha previsto, entrou em campo com Guarín e Rodriguez e sem Belluschi e Varela. Os jogadores certos mas ... da maneira errada. A equipa desorganizava-se facilmente, denotaram-se lacunas no capítulo do passe, Fernando e Meireles estiveram irreconhecíveis nesse aspecto. O Porto não conseguia criar jogo porque facilmente perdia a posse da bola logo no 1º ou 2º passe de construção. Quando começou o jogo, logo pensei que nada iria fugir ao que tinha previsto: o Porto mais dominante, o Benfica a tentar jogar como podia. Mas depois dos primeiros cinco minutos, o Benfica contrariou essa expectativa; controlou o jogo, deu cabo do meio-campo dos dragões e mesmo nas alas, onde não se deve esquecer que era Peixoto quem cobria Hulk, os da casa levaram a melhor. Falcão, esse, nem se via. Javi García, David Luiz e Ramires foram fundamentais para o domínio que se verificou na primeira parte.

Apesar de não criar ocasiões flagrantes de golo nos primeiros 20 minutos, via-se claramente que o Benfica estava a levar a melhor sobre o seu rival, que se via retraído no seu sistema táctico mal organizado. As peças certas mas mal postas. Muitas vezes, o esquema tornava-se num 4x2x3x1 inexplicável, visto contrariar toda lógica de princípios tácticos portistas. Meireles quase que era um segundo trinco, Guarín estava demasiado preso a tarefas defensivas. Assim, a fase de construção começava demasiado atrás e depois não havia gente a quem passar um pouco mais na frente. Daí, não perceber a entrada de Belluschi apenas aos 80 minutos. Já que Jesualdo queria jogar neste sistema, então Belluschi era o indicado. Não percebi.

Depois, o lance do jogo. Ia a 1ªparte a meio, quando, numa jogada que teve tanto de perigosa como de confusa, Cardozo remata potente para uma "defesa" de Álvaro Pereira em cima da linha; depois de alívios de Fucile e Meireles, David Luiz antecipa-se a Falcão, pontapeia para a área, onde Saviola fica sozinho perante Helton (sem qualquer fora-de-jogo) e atira a contar. Golo legal e justo para o que se estava a passar. O clássico não se decidiu aqui, ao contrário do que dizem. Mas este foi o lance mais importante. É diferente. Depois, a 1ªparte manteve-se na mesma toada: o Benfica a controlar a posse de bola (59%), a jogar bem, a construir e a encostar às cordas o FCP.



Mas depois do intervalo mudou. A entrada de Varela foi decisiva para a resposta azul-e-branca. Saiu Guarin, Rodriguez passou para o meio-campo e o 4x3x3 bem definido voltava. E o FC Porto melhorou claramente. Jogou melhor futebol, mais rápido, mais esclarecido e mesmo Fernando e Meireles melhoraram um pouco. A equipa ganhava nova vida e os anfitriões passaram a encarar o jogo de maneira diferente. Foi aqui a diferença de Jesus para Jesualdo. Soube entender os momentos do jogo e começou a defender a vantagem no momento ideal. Com a entrada de Varela, o Benfica não podia continuar da mesma maneira. Teve de ser inteligente, ter capacidade de sofrimento, lutar até mais não e saber gerir um jogo que valia mais do que "apenas" três pontos. E soube-o ganhar com grande capacidade e estofo de campeão.


A partir do momento em que houve nova frescura no meio, com as entradas de Luís Filipe (até ele jogou bem, caramba!) e Weldon para os lugares de Martins e Urreta, o Benfica conseguiu encontrar a fórmula que permitiu parar o "novo" FC Porto. E assim voltou a controlar, a equilibrar ainda mais o jogo e á conseguiu ganhar. Lucílio Baptista, esse, não marcou dois penalty's, um para cada lado. Aos 33' Peixoto sobre Hulk e aos 72', mão na bola de Rodriguez. Portanto, os treinadores nada têm para se queixar.



No computo geral, não foi um grande jogo. Porque o relvado também não ajudou; porque os intervenientes, por vezes, também não ajudaram; porque este era um jogo de pragmatismo, de inteligência e de táctica. Não era um jogo para 4-0, 0-4 ou 10-0. Era um jogo de 1-0, 2-0 ou 1-2 (e por aí fora)...

No fim, 1-0. Saviola volta a mostrar o seu nível. E o Benfica também. E agora, o Natal até sabe melhor para os lados da Luz.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Análise ao Clássico II - FC Porto



O FC Porto parte na máxima força para o jogo de hoje. Maicon está de volta. O ataque está pronto. Ter Farías e Varela no banco será um luxo. Ter Valeri ou Belluschi também. Mas o jogo de hoje será diferente; o relvado está em mau estado e são necessárias alterações na equipa.

Aqui entra em cena Freddy Guarin. É um jogador mais possante que Belluschi e controlará com maior certeza o meio-campo encarnado. Está habituado a defender, mas sabe atacar de maneira agradável. O onze do Porto, na minha opinião, deveria ser este: Helton, Fucile, Álvaro, Bruno Alves, Rolando, Fernando, Meireles, Guarin, Rodriguez, Hulk e Falcão.

Porquê um onze sem Varela? Não apenas pelo relvado, mas também pelas características deste jogo. É fundamental ao Porto conseguir mudar de sistema táctico ao longo do jogo sem mexer nos jogadores. "Cebola" dá essa dimensão ao jogo azul-e-branco, podendo variar sem dificuldade entre a faixa e o centro do relvado. Entre os desequilíbrios pela ala e o equilíbrio pelo meio, o uruguaio é sem dúvida o jogador com mais capacidade para o fazer. Desta maneira, Varela ficaria no banco.

Quanto a Guarin, torna-se fundamental ter um meio-campo mais seguro. Até agora, as equipas que criaram mais dificuldades ao Benfica, foram aquelas que jogaram com um meio-campo mais reforçado. Guarín participa mais activamente nas tarefas defensivas e sabe lançar o jogo para o ataque quando assim é necessário. Depois, se o decorrer do jogo assim pedir, Valeri e Belluschi serão opções perfeitamente válidas. É preciso não esquecer que, num jogo, um treinador pode fazer 3 alterações. Ainda para mais, Aimar e Ramires foram convocados e talvez possam jogar no 'derby' desta noite. E se jogarem, os obstáculos para o domínio do meio-campo encarnado serão MUITO maiores. É desta maneira que Jesualdo deve entender o jogo. Não apenas como mais um jogo. Mas como aquele em que defrontará o melhor meio-campo a actuar em Portugal neste momento. A mentalidade que está associada a este jogo não pode ser alterada por Jesualdo. De facto, este é O jogo. "O".

Quanto ao restante onze, não concordo com a imprensa ao dizerem que Farías seria opção mais adequada pelo estado do relvado. Falcão é forte, raçudo e não vejo qualquer problema em jogar no relvado da Luz. Será uma frente de ataque muito forte, com Rodriguez, Hulk e Facão.

E, por fim, Hulk. Está na hora de voltar ao onze. Mas é necessário perceber-se que Hulk tem de jogar para a equipa. A equipa precisa do Hulk, Hulk precisa de ser Givanildo. E se estas duas personagens se juntarem em campo, se entenderem da melhor maneira e fizerem aquilo que sabem, então sim, veremos o "Incrível" Hulk. É assim que terá de ser...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Análise ao Clássico I - Benfica

Domingo é o grande Clássico. "O" Clássico. Sport Lisboa e Benfica vs Futebol Clube do Porto. O choque de gigantes. E o país quase pára para acompanhar este jogo. É 1ª volta, é certo. Mas fundamental para complicar ainda mais o campeonato.

Analisarei este jogo em três partes. A 1ª pelo lado do Benfica, a 2ª pelo lado do Porto; a 3ª pelo clássico no geral.

E é óbvio que o Benfica partirá em situação delicada para esta partida. Seis ausentes, 5 deles no meio-campo e 3 titulares, irão com certeza fazer diferença na maneira de jogar benfiquista. Sem Dí María é uma coisa, sem Ramires é outra, sem Aimar ainda pior. Com os três fora, é péssimo. Não há Di Maria? Põe-se o Coentrão, pensa o adepto comum. Não há Coentrão? Então nasce um problema. Não há Ramires? Mete-se o Amorim, pensa o adepto comum. Também não há Amorim? Então nascem dois problemas. Não há Aimar? Então, já são três problemas. E é esta a forma de pensar de toda a gente. O meio-campo encarnado vai estar debilitado, sobretudo pelas "doenças" dos três que maior diferença fazem na equipa: "El Gigi"; "El Mago" e a "gazela". Peixoto, Carlos Martins e Menezes são os substitutos naturais, face às ausências de Coentrão e Amorim, normais sbstitutos de Di Maria e Ramires.

Depois, outro problema. A lesão de Sidnei, que, ao que tudo indicava, iria ser titular, com Shaffer a sentar-se no banco de suplentes. O argentino não consege melhorar as suas capacidades defensivas e, aqui, a culpa é toda de Jorge Jesus que nem sequer o rodou nos jogos menos importantes do campeonato. Ora, sem ritmo de jogo, é difícil aguentar Hulk, Varela, Rodriguez ou seja quem fôr o ala-direito do Porto. Com a defesa em dúvida, devido às gripes dos habituais titulares, mais um problema. Apenas laterais e na baliza, Jesus parece ter decidido quem irá ser titular.

Depois, o meio-campo. Sector onde é mais fácil perceber quem serão os titulares. Javi, Peixoto, Menezes e Martins. E se os adeptos poderiam pensar em Urreta para interior-esquerdo, recuando Peixoto para defesa, logo podem tirar o "cavalhinho da chuva", pois está sem ritmo competitivo. No ataque, Cardozo e Saviola.

Esta equipa será, certamente, inferior. Desde logo, a menor capacidade ofensiva, retirada pela ausência do onze de um verdadeiro extremo criativo (Di Maria ou Coentrão) que possa fazer a diferença no um-para-um. A dimensão "faixa" para o Benfica será reduzida, pois terrenos como estes são estranhos a jogadores como Peixoto e Martins. Podem-se safar, Peixoto até tem rotinas, mas nada de especial. Será em Shaffer que o glorioso poderá ter alguém que disfarce a posição ala. Ataca bem, cruza bem, mas a falta de entrosamento na equipa, poderá prejudica-lo. Nada de que Jesus se possa queixar.

Quanto melhor for o entendimento entre aquele meio-campo, melhor será para o clube da Luz. Mas torna-se difícil pensar em grandes jogadas, em grandes movimentos se aqueles quatro nunca jogaram juntos. Basicamente, não se conhecem. E sem meio-campo, não há Saviola ou Cardozo. Haverá apenas dois jogadores, não uma dupla integrada com mais quatro. Serão apenas dois. Menezes, ainda inexperiente, tenderá a usar-se da técnica para conseguir passar por todos; Peixoto não convence; Martins ainda não tem o ritmo ideal para um clássico. Demasiados problemas. Urreta vai-se sentar no banco, a pensar na sua vida. E depois haverá outras opções: Weldon ou Nuno Gomes ou mesmo Keirrison. Parece pouco. E é.

O Benfica será obrigatoriamente diferente. A principal questão passa por se perceber se essa diferença será assim tão grande, se Jesus consegue inventar o tal meio-campo. Os movimentos nunca poderão ser iguais. O que o treinador encarnado poderá fazer, é tentar fazer algo parecido ou, por outro lado, renovar por completo, tentar surpreender o Porto.

Jesus terá de inventar. Não tem muito por onde escolher. Mas inventar não passa apenas por colocar os jogadores em campo. Passa por perceber fragilidades adversárias, explora-las e com os jogadores que se tem na mão. É agora esse o principal problema de Jesus. Mas aqui se distinguem os bons dos muito bons treinadores...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Quantidade diferente de qualidade

Muito se fala na questão da posse de bola. O adepto, quando vê um jogo de futebol, tende a olhar para esse dado estatístico como um suporte para defender que o seu clube foi mais dominador. Até pode ser verdade. Mas o adepto precisa também de ter atenção a uma coisa: quantidade é diferente de qualidade; controlo é diferente de domínio; e estar perto da baliza é diferente de estar perto do golo. Se o adepto entender estas diferenças, então pode entender um jogo de futebol. E é importante entendê-lo. Para bem dos nossos olhos.

Comparo dois jogos: Barcelona-Inter de Milão para a 5ªjornada da Liga dos Campeões; Benfica-Académica. 59%-41% no primeiro jogo; no segundo, apesar de não ter dados consigo facilmente utiliza-lo para o efeito que desejo.

A diferença está na utilização da posse de bola. Em Barcelona, o carrossel andou a alta velocidade. Provavelmente será um dos melhores jogos da época catalã. Souberam, como sempre, utilizar a posse de bola. Muito bem. 59% de puro controlo e domínio. Juntar domínio e controlo no futebol é fundamental para garantir uma vitória. No entanto, o controlo de um jogo é o mais importante.Nesse grande jogo da Liga dos Campeões, que muitos entenderam como o grande jogo desta fase de grupos europeia, tornou-se maravilhoso ver como o Barcelona de Pepe Guardiola consegue juntar as tais duas componentes. E ganhou 2-0. De facto, este Barça é o chefe do futebol europeu. Podia até ensinar aos outros como se joga futebol. Jogam de olhos fechados, com mecanismos e momentos mágicos é o que não falta nos jogos do campeão espanhol.

O jogo de alta velocidade juntamente com qualidade, só pode ser alcançado por grandes equipas. O Barcelona é uma dessas equipas. É uma daquelas que promete ficar para a história pelo futebol apresentado. Baseia o seu jogo na cultura de passe, onde apenas os extremos têm liberdade para... se libertarem. Messi e Henry ou Pedro. No meio-campo, três médios do melhor que há: Iniesta, Yaya e Xavi. Dominam meios-campos. Organizam as tais jogadas maravilhosas. E controlam jogos ao mesmo tempo que os dominam. A essência do futebol é representada ao mais alto nível.

Quanto ao Benfica-Académica, lembro-me de referir que a Briosa dominou a primeira meia-hora, até ao 2º golo dos encarnados. É verdade. Mas o controlo pertenceu sempre ao Benfica. Vimos a Académica perto da área mas longe do golo. A tal essência não existiu. Equipa organizada, bem estruturada, bloco junto a saber o que tinham de fazer. Mas no fim, 4-0. Porquê? Porque controlar é muito mais do que isso. É pensar o jogo quando não se tem bola e não só apenas quando a posse de bola é nossa. Por isso, a Briosa acabou por não sair com um resultado mais satisfatório. Não conseguiu juntar domínio a controlo. Muito por culpa do Benfica. Esse sim, normalmente controla os jogos. E bem.


Juntar domínio a controlo é difícil. Aí se distinguem as melhores equipas. E que prazer tenho em ver o Barça a jogar!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sporting ao ataque no mercado

Aproxima-se Janeiro e, com isto, as oportunidades de mercado no futebol. Procuram-se os chamados "negócios da China", jogadores que vêm estando encostados noutros clubes e que rendem mais do que o que se pensava; ou então, aqueles valores seguros que se tentam comprar mesmo antes do Verão, antes da valorização que alguns sofrerão depois do Mundial.

Este mercado servirá para valiosos empréstimos para os mais pequenos ou contratações para posições fundamentais nos três grandes. O mais carenciado é, sem dúvida, o Sporting. No entanto também é sem dúvida alguma o mais carenciado a nível financeiro. O dinheiro não abunda para os lados de Alvalade e as contratações terão de ser pensadas ao pormenor. Detecta-se facilmente lacunas nas faixas e no centro da defesa. Defesa, sobretudo, é o que falta aos sportinguistas. Depois, um verdadeiro ala-direito que saiba fazer a posição fixamente. Pereirinha é uma espécie de Ramires, um jogador mais interior-direito que ala-direito; Izmailov não cai bem naquele lado.

Em Braga, mora a solução ideal para a esquerda: Evaldo. Não sendo muito barato (para o que são os míseros cofres sportinguistas), também não é muito caro. Muito bom a defender, equilibrado a atacar. Custa cerca de 2/3 milhões de euros e já mostrou versatilidade, podendo jogar em 4x4x2 ou 4x2x3x1 sem qualquer dificuldade, como provou no Sp.Braga. Ganharia de imediato o lugar, ainda para mais, já está habituado ao futebol português (sempre jogou cá dentro). Seria, com certeza, um jogador que traria profundidade aquele corredor e uma boa notícia para Carvalhal.

No centro, a contratação de Mexer não será para o imediato. E não deve ser um miúdo a fazer dupla com Carriço. Polga está a demonstrar todas as suas fragilidades que foi tentando apagar ao longo dos anos; Tonel é um bom jogador mas não um patrão de uma defesa. Quer seja para jogar ao lado de Carriço, quer seja para jogar com Tonel, o Sporting deve contratar um defesa experiente com cerca de 27/28 anos que possa assumir o papel de patrão com segurança. Que imponha respeito. Um defesa europeu. Pois no Brasil em África dificilmente se arranjam jogadores fabulosos para essa posição. Aprofundar o mercado europeu, sobretudo no Leste, onde se podem arranjar bons negócios. Era bom que o Sporting melhorasse a sua defesa com "cabeça" por parte dos dirigentes.

Na direita, precisam-se mudanças rapidamente. Toda aquela faixa não convence e quer Abel, quer Pedro Silva, quer Pereirinha não servem para desempenhar funções naquela ala. Um lateral e um extremo são fundamentais para o Sporting ganhar capacidade naquela faixa, muito mal que tem estado até agora. Van der Wiel, do Ajax, seria um jogador excelente mas demasiado caro para os leões. Outras soluções teriam de ser aprofundadas pelo clube e pelos seus dirigentes. Na ala direita, dois portugueses: Carlitos e, sobretudo, Danny. Que bom que era um empréstimo com opção de compra sobre um destes dois jogadores, principalmente o do Zenit para que o Sporting pudesse encarar esta segunda metade do campeonato de maneira diferente. Com uma ala direita diferente, os jogos seriam mais interessantes de se ver.

No entanto, nada se vê. Mexer não vem para já; Muriqui é médio ofensivo, que é o sector que necessita menos de reforços. Um avançado seria bom; um defesa (em qualquer posição seria bom); um ala-direito seria bom; agora um nº10?? Agora que Matías começa a jogar futebol e tendo Moutinho e Vukcevic para essa posição?? Não se entende.

Neste desentendimento, resta esperar pelo dia 31/01/2010 para se perceber se, de facto, este Sporting foi mais inteligente do que o que tem sido habitualmente. Bettencourt disse que gastaria o que fosse preciso. Mas ele sabe que não o poderá fazer. Porque seriam precisos, no mínimo, 10 milhões de euros para pôr este Sporting a caminhar com força nos meses que aí vêm. É preciso ter, como já disse, inteligência. E é isso que se pede aos dirigentes do Sporting...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Jornada positiva para os lados do Porto

A 13ªjornada foi encarada como aquela que antecedia o clássico. Mas foi bem mais do que isso. Braga e Benfica empataram, Porto ganhou, reduzindo desta maneira a desvantagem de três para apenas um ponto. A motivação cresce no Dragão. O clássico é já no Domingo e com o Benfica desfalcado, Jesualdo Ferreira tem uma grande hipótese para ultrapassar o grande rival.

No Sábado, os encarnados perderam soberana oportunidade para manter os 3 pontos de vantagem sobre os azuis-e-brancos. Em Olhão, as dificuldades foram mais do que as que se contavam e o anfitrião apenas abdicou de atacar na 2ªparte. E este apenas, é literal, se considerarmos que a maior parte das equipas tem tendência a utilizar mentalidade ultra-defensiva contra «grandes». Uma vez mais, o Benfica "teimou" em não conseguir uma reviravolta, que seria fundamental na moral da equipa e, ao mesmo tempo, na tabela classificativa. Nem marcando aos 28 minutos, por Saviola, os comandados de Jorge Jesus animaram.
É certo que foi um jogo atípico. Será difícil ter maiores contradições em novo jogo neste campeonato. Mas a verdade é que a obrigação encarnada era ganhar. Sem Aimar, Ramires ou Di María, a obrigação é sempre ganhar. Agora, segue-se o FC Porto: Ramires, Di Maria, Ruben Amorim, Coentrão e (provavelmente) Aimar são baixas para o clássico. Veremos como Jesus "inventa" o meio-campo.

Ontem, em Braga, houve empate a zero. Mas vê-se que, a cada jornada que passa, o Braga tem cada vez mais dificuldades em ganhar. Porquê? Simples: as equipas começam a encarar os arsenalistas como um «grande» e assim vão-se começar a fechar cada vez mais. A Naval foi exemplo disso. Não foi um autocarro, mas sim um camião que teve em Peiser o condutor. É agora que os problemas de Domingos vão verdadeiramente começar. A equipa já provou que, contra equipas "abertas", se dá bem. Falta agora provar que, quando os obstáculos aumentam, o Braga saberá ultrapassar. A busca pelo golo é intensa; os resultados, esses, acabam por não aparecer. E a moral desce.
O Braga tem de começar a perceber melhor os diferentes momentos do jogo contra estas equipas. Têm de saber pensar melhor. Organizar com inteligência. Construir, na verdade, bom futebol. E o golo torna-se mais fácil de atingir. Na 1ªparte de ontem, os bracarenses estiveram sempre perto da baliza mas longe do golo. É diferente. Na 2ª acordou e 3 jogadas bem conseguidas pela equipa acordaram os adeptos. E finalmente, Alan, Viana e companhia pensaram o jogo. E o golo ficou mais fácil de atingir. Mas, com Matheus e Meyong desinspirados e Peiser que nem um camião, não aparecer. E assim se perderam mais dois pontos...

No Porto, mora o grande vencedor desta jornada. FC Porto. 4 vitórias seguidas antes da Luz, vêm provar o crescendo do Dragão, que agora vai em chamas para Lisboa. Varela uma vez mais; Hulk a voltar aos bons jogos; Farías como sempre, cínico e matador como o conhecem, a ameaçar a titularidade da "ave de rapina" Falcão. E que bom para Jesualdo, ver Rodriguez, Falcão ou Guarín no banco; Álvaro Peirar como reserva. Ter opções é sempre bom. E mais uma vitória. 2-0, sem grandes dificuldades, poupando fisicamente alguns jogadores: Álvaro Pereira e Falcão não jogaram; Fucile, Meireles e Hulk foram substituídos. A gestão está feita. Venha o Benfica!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Sociedade Aimar&Saviola, Lda

Ontem o Benfica empatou. 2-2. Aos 92:30, Nuno Gomes marcou o golo que deu um ponto aos encarnados. Insuficiente para assegurar vantagem confortável para receber o Dragão. A verdade é que o problema não residiu apenas na expulsão de Di Maria ou na lesão de Ramires; sim, foi mau, mas não tudo. Aimar estava de fora. E sem Aimar, 50% da Sociedade que tão bom rendimento tem dado ao Benfica, desaparece.

Aimar e Saviola conhecem-se há muito. São dois grandes jogadores e ambos reencontraram a felicidade no Benfica. Dí María encontrou-a de outra maneira. Agora, joga na posição que mais o satisfaz. Cardozo tem um apoiante que gosta. E esta sintonia, leva ao tal poderio ofensivo já conhecido no Benfica 2009/2010. Com Aimar e Saviola juntos, Cardozo tem mais espaço. OS dois argentinos entendem-se muito bem, parecem jogar juntos há 20 anos e com as suas tabelinhas e toques curtos, quebram muitas defesas.

Este Benfica marcou 37 golos em 13 jogos de campeonato. Saviola leva 6; Aimar é a assistir que sente bem. Saviola é aogra, ao mesmo tempo, companheiro de Cardozo. E como companheiro de ataque voltou a encontrar o habitat ideal para sobreviver no mundo do futebol, Saiu do Real Madrid, entrou no Benfica. E que bem que lhe fez! Agora, veremos como no próximo fim-de-semana, sem Aimar, Di Maria e Ramires, Saviola terá (ou não) capacidade para praticar o seu futebol.

Nem 4x4x2 nem 4x2x3x1

Sporting e Benfica perderam ontem pontos na corrida pelo título. Na Luz, isso ainda será possível. Em Alvalade, é cada vez mais irreal essa possibilidade (se o Braga ganhar, a desvantagem aumentará para 14 pontos, ainda tendo de se deslocar ao terreno dos arsenalistas).

Ontem, muito se falou da incapacidade do Benfica em conseguir uma reviravolta. Pois bem, no Sporting semelhante coisa acontece. No entanto, a lei do futebol é diferente. Sporting e Benfica não reagem por diferentes razões: o Benfica porque entra em paranóia para conseguir o golo; o Sporting porque não consegue reagir, encolhendo-se, ficando destroçado psicologicamente. É diferente. No Benfica prende-se com uma estratégia de melhor organização e de mais calma por parte dos seus jogadores. Ao Sporting, faltam golos e vitórias para os jogadores ganharem confiança. A imprensa cai-lhes em cima, semana a semana; os adeptos assobiam a equipa; o treinador, o director-desportivo, dizem que têm de melhorar. A verdade é que têm, de facto. Mas esta melhoria tem de vir da mente dos jogadores; mentalizarem-se de que é possível uma reviravolta, de que a vitória, conseguida em tempos longínquos, é novamente possível.

Ontem, vi duas equipas distintas. O Sporting e o Benfica. No entanto, o mesmo problema. A "não-reacção". Puro engano. O Benfica reagiu; o Sporting não. Ao adepto cria-se a ilusão da tal inexistência de reacção dos comandados de Jesus, porque não se obtêm resultados. Mas a atitude de Benfica e Sporting é diferente. O Sporting, que até estava a rubricar boa exibição, podendo-se queixar de um 'penalty' roubado sobre Matías, apagou-se depois do golo da União de Leiria. Voltou perto dos 80 minutos, talvez acordada pelos assobios dos adeptos, que esperavam pacientemente pelo começo dos assobios: parece que até lhes agrada fazer isso sempre que a equipa joga. Mas voltou tarde. E Liedson não estava em "dia-sim". E uma vez mais o Sporting perdeu. Nem o 4x4x2, nem o 4x2x3x1 tirou os leões deste marasmo que foi a sua exibição.

No entanto, os adeptos, por muito que não gostem da exibição da sua equipa, têm de ser pacientes. Assobiar só piora a situação. Desgasta a moral dos jogadores; põe em pressão, um treinador que chegou há pouco tempo. A (falta de) dimensão do Sporting ultrapassa apenas os jogadores e o treinador; passa pela bancada, acabando no gabinete presidencial, contando cada moedinha que entra e que possa ajudar o clube. Assim, ninguém se governa. E o Sporting tem de ter a noção de que a sua dimensão, neste momento, não lhe permite competir com os mais fortes. Ao longo dos últimos anos, o Sporting sempre foi um clube pobre. Foi disfarçando, com 2ºs lugares, graças à incapacidade do Benfica em formar verdadeiras Equipas. Compravam craques, mandavam-nos fora. O Sporting sempre se orgulhou de, sem craques, ir conquistando 2ºs lugares. É bom sim. Mas agora que o Benfica está bem, voltou a jogar futebol como há alguns anos não se via, o Sporting parece não ter hipótese de acompanhar a pedalada dos mais fortes. Nem mesmo do Sp.Braga. E assim, o título torna-se uma miragem. Acredito que não apenas neste ano, mas também nos próximos dois ou três. Deus queira que esteja enganado.

O futebol português agradece...

sábado, 12 de dezembro de 2009

O ressuscitar do Dragão

O FC Porto parece estar de volta ao seu valor real. Ou pelo menos, querer estar de volta. Esta subida muito tem a ver com dois homens: Fucile e Varela. Um que prima pelo equilíbrio da equipa, o outro pelo desequilíbrio (positivo, claro).

Com Sapunaru este Dragão é diferente. Sapunaru é um jogador que sobe algo mal, desequilibrando a equipa e que ainda falta melhorar quando perde bola. Saber jogar sem bola é ainda mais importante do que jogar com ela colada nos pés. Fucile não. Joga bem com e sem ela. Sobe muito bem, qualidade que foi melhorando ao longo destes anos no Norte. As suas subidas, permitem um maior apoio ao extremo, sendo ele Varela, Rodriguez ou Hulk. Desta maneira, o médio interior do lado destro pode ser na verdadeira assunção da palavra, INTERIOR. Sendo Meireles, Guarin, Belluschi ou Valeri, o médio pode ocupar os terrenos que mais gosta e, sobretudo, que Jesualdo mais gosta.
A outra "coisa" boa em Fucile, é o saber jogar sem bola. Se a perder, sabe recuperar a posição rapidamente e vê-se Sapunaru, não poucas vezes, "aos papéis". E mais: o uruguaio é mais inteligente que o romeno que às vezes parece nem levantar a cabeça em campo.

No ataque, Varela é o "novo" elemento. Com Rodriguez em baixo de forma e Hulk a atravessar fase de algumas manias (agora nem tanto em ambos os casos), Varela apareceu como que um Deus para salvar este Porto. Criatividade, técnica, fintas e golos vêm dos pés deste negro que pode ser opção no Mundial. Apesar da melhoria dos dois concorrentes directos do português, Varela parece já ter conquistado a simpatia dos exigentes adeptos portistas. A concorrência é forte, mas com Belluschi em fase de adaptação, ganha força a hipótese Rodriguez para o meio-campo. E sendo assim, Varela tem lugar mais que seguro no onze. Veremos como se desenvolve o ex-Estrela. Não sendo um jogador fabuloso, é um jogador que mantém sempre um nível exibicional bom e tem momentos de grande qualidade.

Este Porto está a subir. Desde o regresso do "gigante" Bruno Alves aos golos, até à tentativa de Hulk de voltar ao normal, este Porto cresce a olhos vistos. Jesualdo Ferreira está finalmente a encontrar a solução certa para o FCP 2009/2010. E que bom para o futebol português!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Semana de decisões

Esta semana, jogou-se a última jornada da Liga dos Campeões. Surpresas várias nesta edição. Inter com imensas dificuldades de apuramento; Liverpool, Juventus e Wolfsburgo a "caírem" para a Liga Europa; Bordéus, a portar-se como um gigante, a passar em 1º com apenas um empate concedido (na Itália, frente à Juventus).

Ao FC Porto abrem-se boas perspectivas:

No 1º pote estarão: Bordéus, Manchester United, Real Madrid, Chelsea (que os Dragões não poderão defrontar nos oitavos), Fiorentina, Barcelona, Sevilha e Arsenal.
No 2º pote: Bayern, CSKA Moscovo, AC Milan, FC PORTO, Lyon, Inter, Estugarda e Olympiakos.

No 1º pote, sairá o adversário dos Dragões. E este ano o panorama parece estar, na teoria, mais aliviado. Não se vê Inter nem Milan, não se vê Juventus nem Liverpool, não se vê Bayern. Ainda para mais, o Chelsea está fora do caminho. Restam com o estatuto de tubarões, três equipas: Barcelona e Real de Espanha e, vindo de Inglaterra, Manchester United. Depois, Arsenal, Sevilha, Bordéus e Fiorentina.

A Fiorentina será o mais acessível. Mas o Porto não se costuma dar bem com equipas italianas, eqipas mais fechadas. Jesualdo gosta de equipas maias abertas, que joguem o jogo pelo jogo, procurando no colectivo a melhor arma para derrotar adversários. Nesta situação, enquadram-se os restantes. O Bordéus que está em grande forma, lidera a liga francesa, tem Gourcuff a comandar operações e Laurent Blanc no banco; o Arsenal, menos bem na Premiership(4º), tem grandes jogadores como Arshavin ou Van Persie (entre outros...) e promete criar muitas dificuldades com o seu jogo total, futebol de ataque que às vezes correr mal pelos lados defensivos; por fim, o Sevilha, que não consegue chegar ao nível de Real e Barça, mas tem igualmente grande equipa, com Luís Fabiano numa forma muito respeitável, talvez um dos melhores pontas-de-lança da actualidade. Com Kanouté ao lado, formam dupla de respeito.

Não se avizinha tarefa fácil, diga-se. Mas a verdade é que o FCP estará, com certeza, em melhor forma do que durante a fase de grupos Quantos aos outros (exceptuando o Arsenal) dificilmente darão mais do que o dão neste momento, se bem que já não seja pouco... O Porto talvez prefira o Bordéus, equipa com pouca preparação europeia. Mas não se enganem os azuis-e-brancos: o Bordéus tem uma espinha dorsal bem constituída, manteve a mesma equipa do ano passado, e acrescentou-lhe qualidade, com a contratação de Gouffran. O seu onze-base alterna entre o 4x4x2 e o 4x2x3x1. Devido à mobilidade do seu plantel, Blanc costuma alternar os sistemas. Na defesa, Carasso é o guarda-redes; Tremoulinas na esquerda e Chalmé na direita, com Ciani e Marc Planus no centro. No meio-campo, quando actua em 4x2x3x1, Alou Diarra faz parelha com Menegazzo, Gourcuff joga como 10 e Wendell actua como um dos alas, alternando com Gourcuff; na outra ala, Plasil e Gouffran têm alternado a titularidade no campeonato francês. Na frente, joga normalmente Chamakh. Faz dupla com um destes três, quando jogam em 4x4x2: Bellion, Jussiê ou Cavenaghi.

Este Bordéus, apesar de jogar bem ao ataque, tem uma defesa que dificilmente é transposta. Os 10 golos em 15 jogos na liga francesa comprovam-no...Na Champions, em 6 jogos sofreu apenas 2 golos. É preciso ter cuidado. No entanto, a minha escolha recaíria sobre os franceses. Pelo estilo de jogo, pela história recente do Dragão e pela inexperiência europeia. Este Porto sabe muito e o Bordéus ... não.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Três jogos, três vitórias

Esta semana foi uma semana importante para o campeonato português. O Braga empatou e os três grandes ganharam. O Benfica, quando já se começava a discutir a capacidade ofensiva da sua equipa, mais uma goleada; o Sporting voltou às vitórias no campeonato, sete jornadas depois; o FC Porto passou difícil teste em Guimarães e, desta vez, também ele com uma goleada.

Em Guimarães, o regresso de Varela à titularidade trouxe bons ares para os lados do Porto. Esta melhoria exibicional, tudo tem a ver com o homem que outrora jogava no Casa Pia e que foi muito mal aproveitado no Sporting. Varela está de volta e, mais importante que isso, parece que os dragões também estão. Jogaram bom futebol contra Rio Ave e Vitória e parecem ter recuperado igualmente três jogadores fulcrais: Meireles, Rodriguez e Falcão. Agora resta um: o super-herói, aquele que faz mais diferença quando está em forma, e os adeptos suspiram pelo regresso das suas arrancadas; Hulk, pois claro. Vive uma crise de manias e Jesualdo, pondo-o no banco, tenta agora recupera-lo para os bons velhos tempos... de há um ano! E se Hulk regressar, aí sim, o FCP estará preparado para uma segunda metade da época decisiva.
No berço, o Porto fez um belíssimo jogo: agora, com o decorrer deste mês, só poderá melhorar.

No Domingo, na Luz, Benfica e Académica encontraram-se para o campeonato. Duas situações diferentes: o Benfica, que muitos já questionavam a sua capacidade ofensiva, tinha vencido e marcado em apenas um dos três últimos jogos; a Briosa, vinha de uma goleada de 3-0 frente ao V.Setúbal.
Villas Boas havia prometido identidade e atitude: cumpriu. O Benfica também cumpri ao ganhar e...golear. A Académica entrou a jogar como se jogasse contra o Leixões ou o Setúbal. Alguma ingenuidade mas, ao mesmo tempo, a provar que esta Académica é uma equipa diferente. A equipa defendeu e atacou em bloco compacto, as linhas juntas e com mentalidade nada defensiva. Felizmente para o futebol português, que tantas vezes vê equipas a serem autênticas vergonhas, a, literalmente, porem autocarros em frente da sua baliza.

A Académica não foi nada disso. E por não o ter sido, é certo, pagou caro. 4-0 foi o resultado, onde Cardozo participou em 75%. 3 golos, portanto. Saviola marcou o melhor. Os estudantes saem de consciência tranquila. A equipa está bem e não tenho qualquer dúvida de que a manutenção será uma garantia. Quanto ao Benfica, voltou aos golos, voltou às vitórias, voltou às goleadas e mais importante que isso, voltou Cardozo. Hat-trick, o terceiro nesta liga, e desta feita nenhum de 'penalty'. Sinal para o Porto.

Ontem, em Setúbal, entrou em campo o Sporting, com sede de vitórias. O adversário não podia ser melhor: o Vitória de Setúbal, que tão mau campeonato tem feito, continuou a segurar a lanterna vermelha. O Sporting ainda está longe das exibições que se pedem a um candidato ao título, mas a eficácia voltou. Importante, muito importante. Mais: Liedson voltou aos golos, e logo com dois (se bem que aquele 2º, que anedota!). Mais ainda: desde a 3ªjornada que os leões não venciam fora.
Este Sporting precisa de melhorar, certo. Mas se a eficácia regressar, tudo será mais fácil. A equipa melhorará animicamente, os processos serão mais fáceis e a busca do golo fará mais sentido. Com Matías a melhorar cada vez mais, com o regresso de Izmailov e com o "Levezinho" a voltar aos golos, o Sporting pode pensar num futuro melhor. No entanto, a tentativa de mudar um esquema leva tempo; enquadra-se mais numa fase de pré-época. Mudar um esquema é diferente de conseguir melhorias nesse esquema. Pode haver mudança sem sucesso. O Sporting já vence mas... não convence. Veremos a sua evolução ao longo destes próximos meses e veremos se tem capacidade para voltar a grandes exibições regulares ainda esta época...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Grupo da morte será o nosso!

Portugal está no Grupo G do Mundial 2010 FIFA, a realizar-se na África do Sul. Brasil, Costa do Marfim e Coreia do Norte serão os nossos companheiros, num grupo em que só falta trocar os africanos pela Hungria para se formar o grupo de 66.

O grupo da morte deste Mundial de futebol é o nosso. E, de facto, dificuldades avizinham-se neste Junho próximo. Até lá, e no estágio de um mês antes do Campeonato que reunirá 32 selecções, há tempo para formar uma Equipa. "E" grande. Porque até agora, várias equipas foram formadas. Está na altura da grande Equipa. Equipa na qual poucas dúvidas há e estas serão dissipadas em Maio.

Os adversários vêm de diferentes continentes: América do Sul, África e Ásia "oferecem-nos" adversários e destes três apenas o asiático foi simpático nas ofertas.

Começando pela análise ao Brasil, é, sem dúvida, a equipa mais forte deste grupo G. Com, provavelmente, o melhor guarda-redes brasileiro de todos os tempos, Júlio César; como suplentes, Helton e Doni são os prováveis mas Gomes também espreita um lugar. Nas laterais, dois dos melhores do Mundo: Dani Alves, na direita, sua favorita e Maicon, adaptado à esquerda na selecção; há, ainda, Fábio Aurélio do Liverpool. No centro, Lúcio e Juan compõe uma dupla que não é certa. Apenas o jogador do Inter é titular indiscutível. Juan luta com luisão, Cris e Naldo por uma vaga no onze da equipa canarinha.

No meio-campo, a dúvida é saber quem e para quantos lugares. Um meio-campo em que as dores de cabeça são daquelas bem agradáveis. Perfilam-se como candidatos, Michael Bastos(Lyon), Felipe Melo(Juventus), Gilberto Silva(Panathinaikos), Ramires, Ronaldinho, Julio Baptista(Roma), Josué(Wolfsburgo) ou Lucas Leiva(Liverpool), para além dos já certos Elano(Galatasaray), Diego e Kaka. Ronaldinho está em cada vez melhor forma e pode ser surpresa na selecção. Depois, Ramires, Felipe Melo, Gilberto Silva e Julio Baptista são fortes candidatos. Quanto a Michael Bastos, Lucas e Josué, depende do que fizerem no resto do ano nos seus clubes.

No ataque moram mais alguns craques. Robinho, Luís Fabiano e Nilmar têm lugar garantido na África do Sul e podem ver na sua companhia, o "Imperador" Adriano e talvez mais alguém, fruto de alguma mudança nas habituais convocatórias brasileiras (8 defesas, 8 médios e 4 avançados). Se houver 5 avançados presentes, talvez esse 5º possa ser Hulk ou então Carlos Eduardo, do Hoffenheim (ambos presentes na convocatória para os particulares com Inglaterra e Omã). O treinador Dunga, muito contestado ao início, tem agora tranquilidade e equipa suficiente para fazer um Campeonato Mundial rumo ao estrelato.


Vinda de África, está no grupo a melhor selecção deste continente negro. Costa do Marfim, comandada por Vahid Halilhodzic. Terá como teste a CAN, onde estará no grupo do Gana.

Esta Costa do Marfim é uma selecção como talvez nunca se tenha visto em África. Drogba, Yaya Touré, Zokora ou Salomon Kalou passeiam-se pelos relvados africanos quando representam esta selecção. Outros como Kolo Touré, Boka, Kader Keita ou Aruna Dindane pertencem a esta mesma selecção. Juntando-lhes Eboue, Shaka Tiéné ou Meité forma-se uma selecção de belíssima qualidade, capaz de criar dificuldades a Portugal e mesmo ao Brasil. Na baliza mora Boubacar, guarda-redes do Lokeren, clube do meio da tabela do campeonato belga.

Os marfinenses têm a sua maior fraqueza na defesa: na baliza, um guarda-redes inexperiente; nas laterais, laterais que atacam muito, são de boa qualidade nesse papel, mas defendem pouco; no centro, Touré e Meité chegam para as encomendas africanas mas falta saber se num grupo desta qualidade terão capacidade para parar os avançados contrários. É nas laterais que Portugal tem de saber tirar proveito, utilizando jogadores como Ronaldo, Nani ou Simão (e Quaresma ou Danny, provavelmente). Exige-se, portanto, que no 1º jogo do Mundial, Queiroz entre em 4x3x3 bem aberto nas alas.

No meio-campo, esta selecção está bem e recomenda-se. Zokora e Yaya Touré fazem uma dupla de respeito, juntando-se-lhes Tiené ou Gervinho, sendo essa a grande dúvida na selecção marfinense. Depois, nas alas, Kalou e Keita, com Aruna Dindane à espreita, fazem companhia à estrela da companhia: Didier Drogba, capitão e estrela da equipa. É aqui que residem os maiores perigos da Costa do Marfim. Mas vejamos: Portugal, depois de enfrentar o ataque bósnio, de grande qualidade, e não sofrer um único golo, pode perfeitamente parar o ataque marfinense. Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Bosingwa, Pepe impõem respeito a qualquer avançado mundial.

Na Coreia do Norte mora o outro adversário da selecção nacional. Pouco se sabe sobre esta equipa asiática, que ultrapassou uma fase de 16 jogos de qualificação. 20 meses foi a duração. Desta equipa, cerca de dois terços jogam na própria Coreia do Norte, onde o atacante Yong Ho-Jo é a principal estrela, jogando no Rostov da Rússia. Forma dupla com Jong Tae-Se, jogador veloz que pode criar alguns problemas na faixa esquerda da defesa nacional. Actua no futebol japonês. Mas é a defesa coreana que nos pode criar problemas: esta equipa defende muito, e defende bem, sobretudo. Pode ser daqueles jogos em que o golo parece não chegar nunca, nem que se jogassem 180 minutos. Portugal terá de ter paciência e inteligência neste jogo, algo semelhante ao jogo com a Hungria. Resta esperar pelo mesmo resultado.


Resumindo, Portugal, se quer ser considerado como forte candidato, vê-se na obrigação de vencer o grupo. é escusado queixarmo-nos de queixar. Para podermos ser campeões, temos de vencer melhores. Tal como disse Hierro e tal como disse Beckham. Essa mentalidade dos coitadinhos não pode ser encarada por uma selecção que quer vencer o Mundial. Portanto, venha o Brasil, venha a Costa do Marfim e a Coreia do Norte, que a obrigação é sempre a mesma: vencer o jogo. Portugal tem equipa para ganhar. É preciso ser-se inteligente. Que o sejamos, então!