sábado, 30 de janeiro de 2010

Chamem-lhes líderes


Esta era uma das jornadas mais importantes da segunda volta. Os seis primeiros defrontavam-se entre si, o Braga recebia o Sporting, o Benfica recebia o V.Guimarães e o FC Porto visitava a Choupana.

A verdade é que os três primeiros venceram os seus desafios e nada se alterou na luta pelo título. O dado novo é o afastamento definitivo desta luta do Sporting. Com a derrota na Pedreira, os leões hipotecaram qualquer hipótese de chegar ao título e, provavelmente, à Liga dos Campeões (está a 15 pontos de Benfica e Braga). Por outro lado, os bracarenses provaram o seu valor, fazendo um jogo inteligente, em que controlaram na maior parte do tempo e apenas no início e no fim do jogo se viram em real sufoco. Por fim, o FC Porto manteve-se a seis pontos dos dois primeiros, goleando o Nacional da Madeira por 4-0. Varela e Falcão bisaram, num jogo em que Ruben Micael e Belluschi foram fundamentais no caudal ofensivo apresentado pelos dragões.

Começando pelo jogo de ontem, o Sporting de Braga mostrou o porquê de liderar a Liga Sagres. Em alguns momentos do jogo não é uma equipa vistosa, mas sabe variar entre um jogo de ataque e um jogo defensivo sempre de forma inteligente. Com Paulo César em campo, os anfitriões assumiram outra capacidade para incomodar João Pereira e com Mossoro a jogar muitas vezes pela ala, os problemas foram nascendo, sobretudo, pela esquerda.
Domingos foi corajoso: a aposta no ataque pela faixa esquerda era arriscado; era lá que o Sporting tinha Izmailov e João Pereira, concluindo-se facilmente que esta era a ala mais forte dos leões (do outro lado estavam Grimi -sempre perdido- e Miguel Veloso -numa adaptação que não dá grande capacidade ofensiva ao Sporting-).
Mas mesmo tendo pela frente um russo e um ex-jogador seu, o treinador do Braga confiou a difícil tarefa de "ataca-los" a Paulo César, Mossoro e Evaldo. Os jogadores cumpriram-na com distinção.
No entanto, o Sporting começou melhor. Mais pressionante, impedindo o líder de jogar como é seu apanágio na Pedreira. Mas os da casa, a partir dos 15 minutos, deram sempre a sensação de controlo do jogo. E, lá está, controlo é diferente de domínio. Domingos disse uma frase que define bem este jogo: "o Sporting teve mais posse de bola mas foi por consentimento do Braga". Nem mais. O meio-campo de cinco homens formado pelo treinador arsenalista passou no teste e a entreajuda dos jogadores foi importante para a vitória final. Vitória que chegou pelos pés de Paulo César (que grande jogada no lance do golo!) e pelos joelhos de Tonel, traindo Rui Patrício. E aí estava a perfeita imagem deste Braga: eficácia.
Com a defesa de betão bem alinhada, o Braga não teve grandes dificuldades para ir parando os homens mais adiantados dos leões, até porque Liedson esteve desinspirado e Saleiro pouco se via. Depois, qual resistente, Eduardo acabou por aguentar uma lesão que, ao que tudo indicava, podia ser gravíssima. Não o foi. Mas fica aquela imagem de Eduardo a defender remate de Matías já nos descontos e a rir-se como se nada tivesse sido. Agora, o Braga passou um período de três jogos de grau de dificuldade elevado. Nacional e Sporting em casa, Académica em Coimbra. Numa equação de 3+3+3=9, o Braga pode-se dar por satisfeito... Abram alas para o líder...

DESCULPE LÁ, PROFESSOR MACHADO

Na Choupana, o FC Porto passou teste difícil, que lhe permite olhar agora o resto do campeonato com mais confiança. Aos 30 minutos tudo ficou mais fácil. Alex Bruno derrubou Álvaro Pereira dentro da grande área e foi expulso; Varela inaugurou o marcador e fez o mais difícil para os azuis-e-brancos. Se teria sido mais complicado ganhar contra 11? Talvez, mas a verdade é que o FC Porto fez um bom jogo e ganhar 4-0 na Choupana não é para qualquer um.
A partir daí, os visitantes não tiveram qualquer dificuldade para controlar o jogo, cair em cima do Nacional e esmagar os anfitriões. Depois, como se não bastasse jogar com menos um, os visitados ainda contaram com os irrequietos Álvaro Pereira, Ruben Micael (que estreia no campeonato!), Belluschi e Varela e com o eficaz Falcão pela frente. E assim tudo se torna mais difícil. E depois, foi contar. 2, 3, 4. 4-0 e contagem fechada. Falcão contribuiu com dois, Varela com outros dois. E fica a certeza de que os dragões ainda não desistiram. Terça jogam cartada importante na época 2009/2010; a recepção ao Sporting para os quartos-de-final da Taça de Portugal pode trazer o "grande Porto" que os adeptos esperam há já algum tempo.

MARTINS COMO RONALDO

Por fim, a Luz. O Benfica venceu 3-1 o Vitória de Guimarães, Carlos Martins foi o homem do jogo (no melhor -marcando dois golos- e no pior -sendo expulso-). Quando vi a constituição das equipas, tive uma grande alegria e uma grande decepção: a alegria foi a ausência de Peixoto do onze titular; a tristeza foi a ausência de Ramires. Mas engoli essa tristeza durante o jogo.

O Benfica entrou forte, como hábito. Começou a dominar desde cedo e aos 17 minutos Aimar, com alguma sorte, inaugurou o marcador. O Vitória não foi maluco ao ponto de encarar o Benfica olhos nos olhos e foi tentando surpreender em contra-ataque. Numa dessas tentativas, conseguiu empatar; boa jogada e grande passe de João Alves para Nuno Assis, que enganou e Quim e marcou. O Vitória, sem saber muito bem como, lá conseguia o empate. E voltou-se ao mesmo. O controlo dos visitados era total. Mas chegou-se ao intervalo com uma igualdade, longe de traduzir o que se passava no relvado.


Voltou-se do intervalo sem alterações. Mas houve uma alteração: a atitude de Carlos Martins. E isso de muito valeu ao Benfica. Em "noite não" de Cardozo, valeram o bom jogo do meio-campo para derreter o Vitória. Aimar, Di Maria e Carlos Martins estiveram em grande plano nesta noite, sendo que o primeiro e o último, por duas vezes, marcaram os golos dos encarnados. Martins, aos 51 minutos, recolocou o Benfica em vantagem, com um bom pontapé, após passe de Aimar; depois, passados apenas nove minutos, atirou mais um balázio à baliza de Nilson e bisou. A partir daí, o Vitória passou a estar em cima do meio-campo das águias mas sem resultados práticos. Apenas assustou uma outra vez, mas nada de grandes incómodos. Aos 72 minutos, Carlos Martins, por mão infantil na bola, acabou expulso (semelhante ao jogo da semana passada de Cristiano Ronaldo - bis e expulsão-). O Benfica retraiu-se ainda mais e acabou o jogo a defender a vantagem (raro na equipa comandada por Jorge Jesus). 3-1 e o Braga já ali ao lado.

Sem comentários:

Enviar um comentário