quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Super-Braga Europeu – Enésimo capítulo




Hoje, o Sporting de Braga jogou a primeira mão do Play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. O estatuto de não cabeça-de-série, já se sabia, iria trazer um grande clube europeu à “Pedreira” e calhou-lhe o poderoso Sevilha, equipa que está em 7º no ranking da UEFA. Portanto, uma equipa que se passar à fase de grupos, irá estar no pote dos cabeças-de-série, no pote dos favoritos à conquista da mais importante prova europeia de clubes no mundo do futebol. Um orçamento de 100M€ bem superior aos 12,5M€ bracarenses mas que na relva em nada se mostrou.

Se é verdade que o Braga já nos habituou a grandes surpresas no que toca à Europa, jogar com o Sevilha não é a mesma coisa. Era o terceiro jogo deste clube na Champions e mais um grande teste, hipótese para provar a sua evolução nas últimas épocas. Tudo começou com Jesualdo Ferreira, altura em que o Braga ainda era o “Braguinha” e que lutava pela manutenção. Até que num ano conseguiu chegar à Taça UEFA e não mais de lá saiu. Passaram Rogério Gonçalves, Manuel Cajuda, Jorge Costa, Jorge Jesus e o Braga foi consolidando a sua posição europeia, passando a ser verdadeiro Braga (e não mais Braguinha). Eliminou o Parma, bateu o pé ao Tottenham e mais tarde ao AC Milan de Ronaldinho e ganhou uma Intertoto. Evoluiu cada vez mais até que na época transacta, já com Domingos ao leme, caiu novamente numa pré-eliminatória (aos pés do modesto Elfsborg). Caiu o “Carmo e a Trindade” mas a verdade é que o Braga não mais tremeu e arrancou para um surpreendente segundo lugar, que garantiu acesso à 3ªpré-eliminatória não da Liga Europa, mas sim da Liga dos Campeões.

O sonho estava alcançado. Mas surgiram novas metas. Não só lá chegar e jogar bem, como passar à fase de grupos. E para isso não bastaria a tal 3ªpré, pois o novo formato leva a que seja necessário mais um Play-off. Na pré, apanhou o único clube que dificuldades lhe poderia impor, o Celtic. Equipa bem mais experiente e vinda da Escócia, complicada em todos os aspectos. Mas a equipa minhota mostrou uma vez mais que já não é a equipa de há cinco anos atrás, e não se satisfez com uma vitória por 1-0 ou 2-1, que já tão bom seria. “Limitou-se” a golear por 3-0 os escoceses, mostrando a alma dos “Guerreiros”. No Cetic Park, um golo de Paulo César arrumou com a questão, que depois acabou por se ficar por uma derrota pela margem mínima. Seguia-se então o Sevilha. Mais uma vez, a equipa mais complicada que os arsenalistas poderiam apanhar. Escudé, Zokora, Jesus Navas ou Fabiano, entre outros, seriam os próximos adversários. A eliminatória começou hoje.

Mais uma etapa no caminho para o céu. Mas etapa bem mais complicada, é certo. Primeira mão foi hoje. No estádio AXA, em Braga. Era a grande oportunidade para se mostrar aos maiores clubes europeus. Havia que ter alguns cuidados, pois tinha de assumir uma postura um bocadinho mais defensiva. Mais cautelas na abordagem do jogo, pois o Sevilha apostava tudo nesta mão, jogando com quatro elementos de puro ataque: Capel e Navas nas alas, Fabiano e Kanouté no centro. Domingos montou o seu habitual 4x2x3x1 com Vandinho e Salino à frente da defesa, Luís Aguiar um pouco mais à frente, Paulo César e Alan nas alas e Matheus no centro. A tradicional mobilidade bracarense era a grande aposta para este jogo, jogando sem qualquer ponta-de-lança fixo (Lima, Meyong e Élton estavam no banco e Keita na bancada).


Começou o jogo e a o Sevilha, naturalmente, estava mais pressionante perante um anfitrião mais cauteloso e inteligente. O tempo foi passando e o Braga buscava no contra-ataque uma tentativa de fazer errar o adversário. Neste particular ia-se destacando Alan e Matheus. No entanto, o espaço entre o trio ofensivo e a restante equipa (incluindo Aguiar) era demasiado e poucas bolas chegavam em condições à frente de ataque. Salino não era procurado pela equipa com a devida regularidade e os movimentos ofensivos ressentiram-se disso mesmo. Jeusus Navas ia sendo o mais perigoso e quer Elderson quer Miguel Garcia (que tinha pela frente Capel) viam-se em algumas dificuldades. Mas normalmente uma defesa é composta por quatro (mais guarda-redes) e quando as bolas passavam pelos laterais (e não foram poucas estas vezes), havia uma muralha composta por dois homens chamados Moisés e Rodriguez. Na baliza, Filipe ia mostrando serviço quando era chamado a intervir. A maior ocasião dos espanhóis foi logo a abrir com uma bola no poste de Luís Fabiano. Depois, em cima do intervalo, Miguel Garcia isolou Matheus com um grande passe mas Palop fez uma excelente mancha e tirou ângulo de remate ao brasileiro. Na segunda parte, tudo mudou.

Domingos corrigiu o posicionamento de toda a equipa, pô-la a jogar um bocadinho mais à frente no terreno, mais próxima da frente de ataque e tudo mudou. O Braga pressionou mais e melhor, teve mais posse de bola e soube utilizá-la, procurando sempre não se desconjuntar a defender. Os laterais (com Sílvio no lugar do lesionado Miguel Garcia) atacaram mais, Alan e Matheus abusaram dos espanhóis, Salino voltou ao nível habitual e a dupla de centrais manteve-se intransponível. Demasiadas dificuldades para um Sevilha que se mostrou mal fisicamente na última meia-hora e não teve pernas para o andamento dos portugueses. Domingos tirou furtos da estratégia com um golo irregular de Matheus (uma pequena vingança pelo Mundial 2010) e ainda procurou um segundo que desse mais tranquilidade. Meteu Lima e Élton (saíram Aguiar e depois Matheus, tocado) mas não conseguiu o tal golo. Mas manteve a baliza inviolável e bem se pode contentar com isso.

Na próxima terça-feira tudo se decidirá. No Sanchez Pijuán, Sevilha e Braga jogam o tudo-por-tudo. Esperemos que os “Guerreiros” tenham a mesma atitude. Porque se tiverem, os espanhóis que se acautelem.

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