terça-feira, 24 de agosto de 2010

O ADN academista


Sexta-feira, vi o jogo entre Académica e Olhanense, a contar para a segunda jornada da Liga ZON Sagres. O jogo terminou empatado a um golo, resultado justo para o que foi a partida. A primeira parte dominada pela Briosa, a segunda pela turma de Olhão, ex-equipa de Jorge Costa (agora treinador da Académica). Os golos surgiram apenas no tempo de descontos mas afinal de contas, um jogo tem 90 minutos e a análise de uma equipa não surge a partir do golo.

A Briosa apresentou-se no habitual 4x3x3, sistema utilizado desde o tempo de Domingos Paciência. Dois laterais que gostam e sabem atacar (Pedrinho e Hélder Cabral - se bem que este só tenha jogado pelo castigo de Addy-) e uma dupla de centrais segura, à qual falta um bocadinho de velocidade, problema que afecta todos os centrais da Académica (Amoreirinha e Luiz Nunes ainda são mais lentos que Orlando e Berger). Aliás, isso mesmo viu-se em duas ocasiões de perigo para a baliza do grande Peiser (finalmente os adeptos podem estar tranquilos em relação à baliza depois de Peskovic, Ricardo e Rui Nereu terem assustado os adeptos), em que os centrais foram ultrapassados em velocidade por avançados do Olhanense. No meio-campo, Nuno Coelho (em evolução, depois de um ano de altos e baixos) fica mais atrás, sendo Diogo Melo e Diogo Gomes os responsáveis pela organização ofensiva da equipa, que tem nos alas Sougou e Diogo Valente dois jogadores complementares (o primeiro muito rápido e bom no jogo aéreo, o segundo mais forte e mais tecnicista - não é que Sougou não tenha técnica, mas tem menos), trabalhando para o ponta-de-lança móvel(por enquanto Miguel Fidalgo, falta saber se com o regresso de Éder, o guineense volta ao onze inicial).

O que se vê nesta equipa é uma atitude positiva, sempre com a baliza na mente e com muita agressividade a pressionar. Não me entendam mal. A Académica não é uma equipa dura, é sim uma equipa que pressiona forte o portador da bola quando este começa a planear a jogada. Diogo Melo é muito importante nesta fase, pois ajuda a "varrer" o meio-campo quando é necessário. Sougou também ajuda bastante o meio-campo e farta-se de correr, pressionando várias vezes os defesas da equipa adversária. Os alas baixam, a equipa fica num 4x1x4x1, que volta rapidamente ao 4x3x3 quando a equipa ataca. Pedrinho e Sougou entendem-se às mil maravilhas, contribuindo para um melhor rendimento ofensivo.

Em relação aos cantos, Jorge Costa usa uma téncnica que Villas-Boas e Domingos não usavam, mas que José Mourinho usava. Algo de que eu também sou defensor. Quando a equipa adversária tem um canto a seu favor, Jorge Costa coloca dois homens na frente (Sougou e Fidalgo, normalmente), pois assim prende três/quatro homens cá atrás (a equipa adversária corre o risco de sofrer um golo em contra-ataque se não fizer isso mesmo) e mais um um pouco mais à frente. Assim, a Briosa garante vantagem na sua área de pelo menos três homens (os adversários têm quatro homens ocupados a defender, mais o guarda-redes e o marcador do canto, ou seja, seis elementos), o que ajuda a aumentar a possibilidade de sucesso defensivo.

Esta Académica tem atitude. Se tiver maior consistência do que na época passada pode chegar longe.

Sem comentários:

Enviar um comentário