domingo, 26 de dezembro de 2010

Olhar para a década I - Apresentação/EURO 2004


Dez anos passaram desde que tomei consciência do que é o futebol. Tenho agora dezasseis anos e algumas coisas mudaram no futebol (internacional e nacional). O Boavista foi campeão e faliu; o Leeds também faliu; veio à superfície o Calciocaos e o Lyon foi heptacampeão em França, algo que nunca tinha acontecido num grande campeonato europeu. Mas a década do adepto português não fica marcada apenas pelo Boavista, nem pelo Salgueiros, nem pelos escândalos alheios; fica marcada pela grande organização do Europeu 2004, no qual Portugal foi vice-campeão; fica marcada pelo grande FC Porto campeão europeu; fica marcada pelo aparecimento de um dos melhores treinadores da história do futebol: José Mourinho e por um jogador que já foi considerado o melhor do Mundo: Cristiano Ronaldo; ainda houve Figo, que apesar de não ter “aparecido” nesta década, continuou a construir uma bonita história na história do futebol mundial, tornando-se num jogador para mais tarde recordar. Estes grandes acontecimentos abafam qualquer coisa que tenha acontecido nos restantes anos do futebol português. Tivemos um clube a ser campeão europeu, uma selecção quase a sê-lo e um treinador que o foi por três vezes. Ainda vimos Luís Figo e Cristiano Ronaldo chegarem ao topo, conquistando Bola de Ouro e FIFA World Player. Por tudo isto, esta será uma primeira década de futebol da qual não me irei esquecer.

Centrando-me neste primeiro post na questão do EURO 2004, Portugal ganhou o concurso no ano de 1999. Muitas reticências se colocaram à sua candidatura pois até então Portugal nunca tinha organizado um grande evento desportivo. Construíram-se alguns estádios, reconstruíram-se outros e ficou feita uma grande obra, excessivamente grande. 10 estádios desta dimensão para quem? Apenas para um Europeu? De facto, não fez nem faz sentido. O do Algarve não é utilizado, os de Aveiro e Leiria andam vazios; o de Coimbra faz sentido por ser no Centro, mas bastava apenas um; Luz, Alvalade, Dragão, Guimarães e Braga estão bem e o do Bessa também estava até acontecer aquilo que já foi referido (ai o maldito Apito Dourado)!

Portugal criou estes estádios na esperança de os rentabilizar um dia. Esse dia podia ter chegado a 2 de Dezembro mas a FIFA resolveu ir pelos interesses económicos e entregou o Mundial 2018 à Rússia. Desta forma, o nosso país terá de esperar mais alguns anos para receber novo grande evento (há a possibilidade de concorrermos a uns Jogos Olímpicos). A verdade é que, como já foi dito, tantos estádios se tornaram desnecessários. Na hora, é tudo muito bonito, mas depois torna-se algo dispendioso. E muito dispendioso. Depois, não vale a pena porque andam vazios.

Mas a verdade é que, investimento à parte, o EURO 2004 foi um sucesso, considerado o melhor de sempre pela própria UEFA. A organização foi excelente, a segurança esteve sempre bem e não houve problemas de maior (excepto um caso com adeptos ingleses no Algarve). Na vertente futebolística, a Itália e a Alemanha ficaram pelo caminho logo na fase de grupos, assim como a Espanha (que foi eliminada por Portugal depois de, no dia do jogo, as capas dos jornais desportivos espanhóis dizerem: “Adiós Portugal!”; afinal de contas, foi a nossa hora de dizer “Adiós España!”); foi ventilada a hipótese nunca provada de Dinamarca e Suécia se terem unido contra a Itália na última jornada.

Na fase de grupos, os destaques iam para Holanda e Portugal, que tão bem jogaram, e para a surpreendente Grécia, que liderou o grupo das selecções ibéricas. Nos quartos, o memorável Portugal-Inglaterra, do qual ninguém português se irá esquecer, que depois de terminar com um empate a duas bolas, acabou nos penalties, nos quais Ricardo foi herói. Defendeu sem luvas e marcou exemplarmente a grande penalidade que “era” de Nuno Valente.


A Grécia eliminou a França e defrontou nas meias-finais a República Checa, que havia eliminado a Dinamarca, e bateu os checos com um extinto Golo de Prata (teria de se jogar a primeira parte do prolongamento e se houvesse alguma equipa em vantagem, seria essa a seguir em frente), marcado por Dellas. Portugal eliminou a Holanda nas meias, depois de os holandeses terem eliminado a Suécia (do, na altura, jovem Ibrahimovic – que golo de calcanhar-). Maniche marcou o melhor golo do EURO 2004, um golo fabuloso, mesmo ao canto da baliza de Van der Sar. Ronaldo marcou o primeiro e nem Nistelrooy conseguiu pôr a Holanda na final.

Depois, toda a gente sabe o que aconteceu. Portugal perdeu injustamente com os gregos, com um golo miraculoso de Angelos Charisteas. A festa no Olimpo foi tremenda e Portugal perdeu a sua grande oportunidade de se sagrar campeão europeu. Será em 2012?

Aqui vos deixo o meu onze do torneio:
GR: Nikopolidis
LD: Zambrotta
DC: Ricardo Carvalho
DC: Dellas
LE: Ashley Cole
MDC: Zagorakis
MC: Maniche
MAC: Nedved
EE: Figo
ED: Cristiano Ronaldo
AV: Milan Baros

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