domingo, 12 de dezembro de 2010

Ai Jesus!


Já escrevi sobre a ingratidão da vida de um treinador. Umas vezes odiado, outras amado, dependendo de uma coisa: a vitória. Esta é a que dita o futuro de cada treinador que anda por aí (até dos melhores) e acaba por ser injusta para muitos daqueles que procuram o sucesso. Uma vez mais, verifica-se um estranho caso neste mundo futebolístico: Jorge Jesus.

O treinador do Benfica é agora imensamente criticado pelos adeptos do clube com mais títulos em Portugal. Pois bem, acho isso uma verdadeira idiotice. Não há outra palavra para descrever toda esta separação entre adeptos e treinador, que até há bem pouco tempo era considerado “o melhor do Mundo” por muitos adeptos.
Sinceramente, nunca achei Jesus um craque. Acho-o um bom treinador tem um historial bastante engraçado em clubes de segunda linha em Portugal (levou Leiria, Belenenses e Braga à Taça UEFA) e foi campeão pelo Benfica, pondo a equipa a jogar futebol como há muito não se via. No entanto, é preciso relembrar que o grande plantel que o Benfica tinha não foi alheio a isso mesmo. Pôs os jogadores nas posições que mais lhes interessava e a equipa rendeu imenso. Receita simples. Muito bom.

Mas apesar de nunca o ter considerado um Deus, também não o considero uma besta. Como é possível os mesmos adeptos, a mesma claque, insultar, assobiar e mostrar lenços brancos ao mesmo treinador que há seis meses consideravam “o maior”??!! Incrível, de facto. O futebol não consegue evoluir nesse aspecto e o bom senso não impera nestas situações. Tal como Vieira disse, “Jesus não faz parte do problema, faz parte da solução”. Eu defendo as apostas em continuidade, mesmo que um ano corra menos bem. Defendi a continuidade de Jesualdo, como defendo a de Jesus (e mesmo que a época chegue ao fim sem o Benfica ganhar nada, irei defendê-lo). É preciso raciocinar e isso é coisa que os adeptos encarnados não estão a fazer.

Jesus é o treinador do Benfica. Respeitem-no!

2 comentários:

  1. Nuno, concordo com a continuidade, mas as criticas têm que se fazer, senão não há possível reacção da equipa e dirigentes. São os adeptos que movimentam o clube e é preciso lidar com eles. Tudo bem, os lenços são um exagero e talvez o despedimento também, mas é preciso seriedade.

    É verdade que, mesmo pelo bem conseguido campeonato no ano passado, Jesus não foi um "Deus". Seria para mim um "Deus" se conseguisse agora o segundo campeonato seguido e no ano seguinte o "tri". Pois bem, este ano já não parece tão possivel quanto isso. É verdade que a equipa não é a mesma, mas há uma falta de forma e atitude em campo dos jogadores, em determinados jogos (nao em todos), que se verifica e simplesmente nao é normal!

    Em relação às críticas, é normalissimo o treinador ser o principal alvo e, sinceramente, podia ter tido uma atitude diferente este ano, um discurso diferente. Mas enfim, foram erros cometidos, não se podem voltar a repetir e, muito sinceramente, estamos a jogar melhor do que com o Quique Flores, Camacho, Chalana, etc. Deste modo, e pelo facto da vitoria do ano passado, o balanço ainda está longe de ser negativo. Agora, isto nao significa que nao se tome uma atitude! As principais criticas que faço são sim à direcção. O excesso de privilegios dados este ano a Jorge Jesus foram um exagero (demasiada extensao do contrato e basicamente todos os jogadores desta epoca foram escolhidos por ele). O que observamos no FC Porto com o passar dos anos são campeonatos ganhos consecutivamente e, mesmo assim, Jesualdo Ferreira não fazia tudo o que lhe apetecia. Assim, fica aqui a minha crítica à direcção (Vieira e Rui Costa) que deixou ir jogadores como Urreta e ficar Peixoto e Felipe Menezes, para alem de todas as outras contrataçoes que, sinceramente, para o dinheiro que foram, nao se justificam.



    Nuno, um grande abraço, parabens pelo blog!

    Gonçalo Teixeira

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  2. Sem dúvida que há erros do treinador. Mas tal como tu disseste, as principais críticas devem ser feitas à Direcção e à forma como todo o futebol do Benfica é estruturado...

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