quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Quantidade diferente de qualidade

Muito se fala na questão da posse de bola. O adepto, quando vê um jogo de futebol, tende a olhar para esse dado estatístico como um suporte para defender que o seu clube foi mais dominador. Até pode ser verdade. Mas o adepto precisa também de ter atenção a uma coisa: quantidade é diferente de qualidade; controlo é diferente de domínio; e estar perto da baliza é diferente de estar perto do golo. Se o adepto entender estas diferenças, então pode entender um jogo de futebol. E é importante entendê-lo. Para bem dos nossos olhos.

Comparo dois jogos: Barcelona-Inter de Milão para a 5ªjornada da Liga dos Campeões; Benfica-Académica. 59%-41% no primeiro jogo; no segundo, apesar de não ter dados consigo facilmente utiliza-lo para o efeito que desejo.

A diferença está na utilização da posse de bola. Em Barcelona, o carrossel andou a alta velocidade. Provavelmente será um dos melhores jogos da época catalã. Souberam, como sempre, utilizar a posse de bola. Muito bem. 59% de puro controlo e domínio. Juntar domínio e controlo no futebol é fundamental para garantir uma vitória. No entanto, o controlo de um jogo é o mais importante.Nesse grande jogo da Liga dos Campeões, que muitos entenderam como o grande jogo desta fase de grupos europeia, tornou-se maravilhoso ver como o Barcelona de Pepe Guardiola consegue juntar as tais duas componentes. E ganhou 2-0. De facto, este Barça é o chefe do futebol europeu. Podia até ensinar aos outros como se joga futebol. Jogam de olhos fechados, com mecanismos e momentos mágicos é o que não falta nos jogos do campeão espanhol.

O jogo de alta velocidade juntamente com qualidade, só pode ser alcançado por grandes equipas. O Barcelona é uma dessas equipas. É uma daquelas que promete ficar para a história pelo futebol apresentado. Baseia o seu jogo na cultura de passe, onde apenas os extremos têm liberdade para... se libertarem. Messi e Henry ou Pedro. No meio-campo, três médios do melhor que há: Iniesta, Yaya e Xavi. Dominam meios-campos. Organizam as tais jogadas maravilhosas. E controlam jogos ao mesmo tempo que os dominam. A essência do futebol é representada ao mais alto nível.

Quanto ao Benfica-Académica, lembro-me de referir que a Briosa dominou a primeira meia-hora, até ao 2º golo dos encarnados. É verdade. Mas o controlo pertenceu sempre ao Benfica. Vimos a Académica perto da área mas longe do golo. A tal essência não existiu. Equipa organizada, bem estruturada, bloco junto a saber o que tinham de fazer. Mas no fim, 4-0. Porquê? Porque controlar é muito mais do que isso. É pensar o jogo quando não se tem bola e não só apenas quando a posse de bola é nossa. Por isso, a Briosa acabou por não sair com um resultado mais satisfatório. Não conseguiu juntar domínio a controlo. Muito por culpa do Benfica. Esse sim, normalmente controla os jogos. E bem.


Juntar domínio a controlo é difícil. Aí se distinguem as melhores equipas. E que prazer tenho em ver o Barça a jogar!

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