domingo, 27 de dezembro de 2009

Olhar sobre 2009 I


27 de Dezembro de 2009. Daqui a 5 dias, estaremos em 2010. E 2009, futebolisticamente falando, ficou marcado por uma equipa: Barcelona. Equipa fabulosa, com grandes jogadores, um autêntico carrossel de grande velocidade; por cá, nada de novo. O "triplete" do FC Porto e a difícil qualificação de Portugal para o Mundial 2010 foram acontecimentos importantes ao mesmo tempo que o Benfica fez uma revolução na equipa (mais uma); o Sporting passa dificuldades, Paulo Bento demitiu-se em Novembro; os clubes acumulam salários em atraso; o Estrela da Amadora desceu na Secretaria da Liga com esse mesmo problema; o Olhanense e a União de Leiria voltaram ao convívio dos grandes.

Começo esta revista por 2009 pela selecção de todos nós. Aquilo que mais nos interessa. A selecção portuguesa teve grandes dificuldades para entrar na fase final do Mundial 2010, a realizar-se na África do Sul. Num grupo com dois nórdicos, ossos duros de roer, a selecção teve mais dificuldades do que se esperava.

Tudo começou normalmente. A goleada imposta a Malta por 4-0 foi encarada com toda a normalidade pelos adeptos. E, de facto, era a nossa obrigação. No entanto, na jornada seguinte, os problemas começaram. Portugal fez, talvez, o melhor jogo de qualificação dos últimos anos, teve 6 ou 7 oportunidades de golo na cara do guarda-redes mas, com um festival de desperdício, apenas marcou 2 golos. Nani e Deco (de 'penalty'). Aos 86', Deco fez o 2-1 para descanso dos portugueses. Mas o futebol tem coisas inexplicáveis; não segue a lógica; não tem justiça; e aos 91' e 92', a Dinamarca marcou golos que transformaram um resultado bom num resultado péssimo. 2-3.


Depois, o empate a zero na Suécia foi visto como bom. Mas uma vez mais, a selecção comandada por Carlos Queiroz voltou a ter problemas em casa. 0-0 com a Albânia em mais um festival de falhanços, bolas nos postes, azar incrível e, no fim, um empate sem golos. Começava a ser preocupante, no mínimo. Mas demos-lhes o benefício da dúvida.

Em Março, Portugal recebeu no Dragão a Suécia. E todos diziam "Portugal tem de ganhar". Mas não ganhou. Mais um empate a 0, a história já vocês a sabem... E agora sim, tornava-se fundamental vencer todos os jogos. Não se podia inventar mais. Queiroz fechou o grupo. E depois, em Junho, a viagem a Tirana. Tudo parecia caminhar para o abismo, mais um empate em caixa, 1-1. Mas aos 93 minutos, já para lá dos descontos, já para lá de uma história que não se via como ter um final feliz, ergueu-se nas alturas um homem, talvez o jogador com mais impulsão no futebol mundial: Bruno Alves. O guarda-redes ajudou, depois do cruzamento de Meireles, um cavalo apareceu a cavalgar na área, saltou (um salto que para os portugueses parecia em câmara lenta) e cabeceou mesmo na cara do guardião albanês. Descrevi na altura esse golo como um golo de raiva. E foi. Bruno Alves foi a cara do sofrimento, foi a cara, ao mesmo tempo, da alegria. O estado de espírito de um país na face de um jogador. E esse golo empurrou-nos. Empurrou um país mas, sobretudo, empurrou uma selecção.

Era tempo de fazer contas. Eram difíceis, sim. Ainda para mais suspeitava-se de uma parceria entre Dinamarca e Suécia para afastar Portugal. Não houve.

Setembro de 2010. Portugal visitava Copenhaga; era necessário ganhar para que a Suécia não fugisse. Não ganhámos. 1-1. Falhámos muito, novamente. Liedson marcou o golo do empate. Da Hungria vinham boas notícias. A Suécia empatava a 1. Mas um golo às três pancadas deu a vitória a uma equipa que teve muita sorte. Nada bom para Portugal. Agora, dependíamos da Dinamarca. Contando que a Suécia ganhasse a Malta e a Albânia, dependíamos do resultado que os suecos fizessem na Dinamarca para podermos passar. Antes disso, tínhamos de ganhar na Hungria. Ganhámos, golo de Pepe. Em La Valetta, a Suécia ganhou com um auto-golo aos 81 minutos, apenas. Mais sorte, portanto.

Chegava finalmente o mês de Outubro. Dia 10. Portugal recebia a Hungria na Luz. Na hora do início, a Dinamarca estaria a acabar o seu jogo com a Suécia. Foi uma noite perfeita. Estive no estádio. Quando o speaker gritou "Vamo-nos levantar porque a Dinamarca acabou de marcar", senti tranquilidade. A mesma tranquilidade que todo o país sentiu. Depois, cumprimos missão. 3-0, dois de Simão e um de Liedson. Na última jornada, em Guimarães, voltámos a ganhar 4-0 a Malta e assegurámos presença no play-off como cabeças-de-série.

Calhou-nos a Bósnia. E em Portugal, Bruno Alves voltou a ser decisivo. Um golo à ponta-de-lança, decidiu o jogo. Na Bósnia, voltámos a ganhar com golo de Raul Meireles. Lembremo-nos que este foi o homem que fez o cruzamento para o golo de Bruno Alves na Albânia. Os dois que marcaram no play-off, construíram juntos um dos golos mais importantes na qualificação de Portugal (o tal golo em solo albanês).

E agora, vamos ao Mundial. O sorteio não foi bom, veremos o que conseguimos fazer. Este ano foi de sofrimento, mas Portugal acabou por conseguir ultrapassar os obstáculos.

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