terça-feira, 10 de novembro de 2009

Senhores da bola IV - Bobby Charlton




Volto a falar de senhores da bola. Jogadores que ficaram para a história pelo seu talento e disciplina dentro do campo. Exclui-se portanto George Best ou Diego Maradona desta elite mundial.

Sir Bobby Charlton, nasceu no dia 11 de Outubro de 1937, em Ashington, Inglaterra. Nascia aí o que quase todos consideram o melhor jogador de sempre do futebol inglês. Fez carreira no Manchester United. E foi ele que levou o seu país à conquista do Campeonato do Mundo em 1966, onde a Inglaterra eliminou Portugal na meia-final, fruto de um bis de Charlton.

Começo a jogar regularmente com 19 anos, no ano de 56. Lá jogou até aos 38, altura em que resolveu abandonar a alta roda do futebol inglês para jogar no Preston ( e lá ainda fez 38 jogos numa época...). A sua fase de afirmação foi até 1958 e a partir daí, Charlton tornou-se, com apenas 21 anos, titular indiscutível dos "red devils". A sua vinda veio pela parte de Matthew Busby, que se apoderou do MU em 1945, logo após a 1ªGrande Guerra. O Manchester não ganhava nada desde 1911 e era preciso uma remodelação.

Daí vieram Charlton, Best e muitos outros. Curiosamente, a sua estreia foi contra o Charlon, em 1955, onde marcou dois golos, dando a vitória por 2-1 ao seu clube. Em 56/57, o Manchester ganhou o bi-campeonato, foi vice-campeão da Taça inglesa e perdeu nas meias-finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus contra o todo-poderoso Real Madrid de Di Stéfano e Puskas. Charlton estava a ter uma ascensão meteórica e começava-se a afirmar como a estrela do clube.

Mas no dia 6 de Fevereiro de 1958, o inimaginável aconteceu. Depois do Manchester ter empatado a 3 bolas em Belgrado que lhe garantiu a qualificação para as meias-finais da TCCE, e estava de regresso no voo 609 da British European Airways. Estava a nevar muito, a visibilidade era reduzida. O motor tinha um pequeno problema e quando o piloto se preparava para o arranjar em Munique, o motor pegou fogo e o avião caiu nas proximidades de Munique. A equipa perdeu oito jogadores. Charlton sobreviveu. E para bem do futebol.

Pouco tempo depois veio a estreia pela selecção inglesa. Em 58, foi o seu primeiro Mundial. A eliminação aos pés da URSS e do Brasil logo na fase de grupos não causou surpresa. O país e os jogadores estavam abalados e tinha sofrido um grande desfalque.
Em 62, as coisas mudaram um pouco. A Inglaterra passou a fase de grupos, atrás da Hungria, mas logo nos quartos-de-final perdeu contra o Brasil, que se viria a sagrar campeão do mundo.

Em 66, chegava a fase de glória do futebol inglês. O Mundial realizava-se no seu país e o Manchester, que brilhava na Europa, compunha grande parte da selecção nacional. Bobby Moore era o capitão, Alf Ramsey era o treinador. Mas Charlton era a estrela. E a cavalgada triunfal foi feita derrubando Argentina, Alemanha (na final) e, sobretudo, Portugal, que muitos apontavam como a única equipa capaz de fazer frente aos ingleses. O jogo, marcado inicialmente para o Goodison Park, foi mudado para o Wembley pois os ingleses tinham medo que Eusébio jogasse naquele campo. Já havia marcado dois contra o Brasil e quatro contra a Coreia, e todos temiam mais um jogaço do Pantera naquele estádio.

A Inglaterra venceu e Charlton foi eleito o melhor Jogador Europeu do Ano de 66. Pudera. Na meia-final contra Portugal, foi Charlton que dizimou os "tugas". Bisou e massacrou José Pereira. De facto, ele próprio já o considerou um dos melhores jogos da sua vida.



O título europeu pelo Manchester veio em 1968. Depois de tantas eliminações em meias-finais, chegava a hora de vencer. Na época de 1967/68, com Best ao seu lado, o Manchester atropelou o Benfica. No fim dos 90', 1-1. Charlton marcou aos 53', mas Jaime Graça empatou aos 74'. Depois, num prolongamento louco, Charlton marcou um, assistiu outro e o MU ganhou 4-1. Eusébio, Torres ou Coluna haviam sido reduzidos a cinzas, para choque da Europa. Mas aquele Manchester fica para a história. Estiveram reunidos os dois melhores jogadores de sempre do futebol britânico. O inglês Bobby Charlton e o norte-irlandês Geoge Best. Marcaram uma era, juntos, no Manchester United. Torna-se ridículo falar-se em Beckham ou Cantona. Aqueles dois, neste tempo, eram os melhores. A capacidade cerebral do inglês, a visão de jogo e o passe certinho, não existem em tão grande nível nos jogadores de hoje. Foram dois cérebros, que brincavam com os adversários.

Charlton jogou 106 vezes pela selecção, marcando 49 golos. Acabu a carreira em 1976, no Wigan Athlethic. Foi nomeado "Sir" pela Rainha Isabel. De facto, foi um senhor do futebol. Agora está na estrutura do futebol do Manchester, seu clube do coração. Apesar do mal que fez aos portugueses ( eliminou Portugal em 66 e massacrou o Benfica em 68), há que reconhecer o seu valor. E que grande jogador!

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