domingo, 1 de novembro de 2009

Braga-Benfica

Nove dias depois, volto a escrever no blog. E para falar, claro está, do jogo que marcou esta jornada: na Pedreira, em Braga, o Sporting local e o Benfica defrontaram-se num "jogo de líderes" como a imprensa se fartou de referir. Hoje já não há líderes: há UM líder. E para grande surpresa de muita gente, esse líder é o Sp.Braga.

E é bom que assim seja. Por muito que me custe dizê-lo, esta derrota é boa para o Benfica. Boa para os jogadores, boa para o treinador, boa para a direcção e boa para a massa adepta. Toda a gente caiu, por fim, na realidade. O glorioso não é invencível, tem fragilidades e nem sempre o ataque chega para marcar 3, 4 ou 5 golos (ás vezes, até mais). E é bom para que Jesus, sobretudo ele, fale um bocadinho mais por baixo e não diga coisas do tipo "É difícil travar o Benfica". É-o, de facto, mas Jesus não deve dizer isso. Não lhe fica bem. E, por vezes, esse discurso pode sair furado (e foi esse o caso).

Analisando o jogo, Jesus parece ter subestimado a ala direita bracarense. João Pereira e Alan já mais que provaram que são jogadores de grande nível. Com Shaffer recuperado, pedia-se a entrada directa para a titularidade. O que Jesus fez? Manteve Coentrão, adaptação que funcionou com o Nacional. Mas obviamente que o Braga não é o Nacional. Para já, é o líder; segundo, tem Alan e Pereira na direita (e não Patacas e Luís Alberto); e por fim, o Nacional é uma equipa que ataca sobretudo pelo meio (onde estão Ruben Micael, onde caem Pecnik e Salino).

O Braga entrou mandão e logo se adivinharam dificuldades para Coentrão. Dois cantos em dois ataques pela direita. O jogo começou durinho e aos 7 minutos, o adaptado a defesa levou cartão amarelo por falta sobre...Alan. E golo de Hugo Viana, a 100 km/hora! Os arsenalistas começavam a ganhar cedo, obrigando o Benfica a fazer o que ainda não fez esta época: fazer uma reviravolta no marcador.
O Benfica teve então o seu melhor período na primeira parte. Logo aos 9', Ramires ficou com a bola depois de um ressalto, passou pelo meio dos defesas, mas falhou na cara de Eduardo. Era o aviso encarnado.

Aos 13', novo perigo. Depois de um cruzamento na direita ao qual Cardozo falhou a resposta, apareceu Dí María que estoirou para uma defesa fabulosa de Eduardo. Depois o jogo acalmou um pouco. O Braga começou a tentar controlar o "ímpeto pós-golo" dos encarnados e conseguiram. Mas aos 30 minutos, um dos casos do jogo: Aimar bate um livre na esquerda, Leone tenta chegar chegar à bola mas Cardozo puxa-o e Luisão marca golo. Golo que foi BEM invalidado. Aos 31', João Pereira e David Luiz vêem cartão amarelo por desentendimento dentro de campo. E o perigo só voltou aos 41', já perto do intervalo. Alan entrou numa diagonal de fora para dentro, tabelou com Mossóro, apareceu sozinho à frente de Quim mas falhou de forma incrível o golo!

Depois, a confusão. Antes do árbitro apitar para o intervalo, Di Maria efectua mal um lançamento. Depois, chuta a bola na direcção do banco do Braga e cospe à frente de Domingos. Instala-se a confusão, e no túnel, Cardozo e Leone são expulsos.
Entrou Rodriguez para o lugar de Meyong, o Braga começou a defender o resultado. A estratégia desde o primeiro minuto de jogo tinha passado por tapar muito bem Aimar, Saviola e Di Maria. Enquanto que "El Gigi" ainda se foi safando, Aimar e Saviola não conseguiram sair da teia. E mesmo Ramires esteve muito tapado. Desta maneira, os principais fornecedores de Cardozo não foram jogadores e Cardozo não foi goleador. O Braga ganhou o jogo desta maneira.

Aos 54', mais um caso e agora sim, com má decisão de Jorge Sousa: Di Maria passa pro João Pereira, está quase a entrar na área e sofre falta. Falta igual à de Coentrão no lance do 1º golo do Braga. Pedia-se o segundo amarelo, mas Jorge Sousa não mostrou. Erro grave do árbitro portuense.

E o jogo continuou. Um minuto depois, entra Keirrison, sai Javi García. O Benfica perdeu a primeira etapa de construção, perdeu o equilíbrio e K7 nada acrescentou. Três minutos depois, Di Maria passou por dois jogadores do Braga e falhou o golo por não ter pé direito. Domingos trocou Mossoro (que grande jogo!) e meteu Matheus. Refrescou o meio-campo. E a formiga lá meteu a sexta velocidade e começou a rebentar fisicamente com Coentrão. Aos 68', Evaldo fez uma boa jogada com Mateus mas falhou o golo já dentro da área. Depois foi Keirrison que falhou de forma incrível: cruzamento de Di Maria (sempre ele) e mau domínio de bola.

Aos 78 minutos, a decisão do jogo. Matheus trocou as voltas a Ramires, cruzou para Paulo Cesar e este atirou para o fundo das redes. Domingos saltou, correu, abraçou o brasileiro. Era a certeza de uma vitória. Era a certeza de, por muito que Domingos diga que não, uma candidatura ao título. O jogo depois acabou.

É impossível comparar este "super-Braga" ao "super-Leixões" do ano passado. Basta olhar para o onze titular para se ver diferenças. Alan, Meyong, Hugo Viana, laterais como João Pereira ou Evaldo, o guarda-redes da selecção, uma dupla como Moisés e Rodriguez. Este Braga impõe respeito. Ontem, olhando para o banco, tínhamos Rodriguez, Andres Madrid, Matheus ou Adriano. Suplentes de qualidade. E no banco, também, tínhamos um ex-grande jogador, que é com certeza o treinador do futuro: Domingos Paciência, aquele que formou outrora uma grande dupla com Kostadinov, está pronto para levar uma equipa ao sucesso.
Tal como ele disse, apenas com humildade e trabalho, o Braga pode cimentar esta posição. Mas a verdade é que os três grandes já foram ultrapassados, para a semana há um derby minhoto, é certo, mas ainda há mais dois clássicos até ao fim da primeira volta: Sporting-Benfica e Benfica-FC Porto. Quem se fica a rir? O Braga, claro. Mas não se pode rir muito. Esta grande equipa tem de contar com as derrotas que aí virão, pois tal como Jesus disse, "ninguém é invencível".


Veremos o que nos reserva o campeonato.

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