sábado, 2 de outubro de 2010

Observando a Europa: Saint-Etienne


Hoje, por fim, tive oportunidade de ver o líder do campeonato francês a actuar. Saint-Etienne, tentando voltar aos lugares cimeiros de outros tempos, contra Marselha, do velho conhecido Lucho Gonzalez. Duas equipas que optam por sistemas de jogo diferentes e formas de jogar diferentes (sistema é diferente de forma de jogar).

Na partida desta noite, o St.Etienne apresentou um 4x4x2 composto por Janot, Sail, Monsoreau, Bocanegra, Ebondo, Matuidi, Batles, Payet, Sako, Perrin e Riviére. Marselha apresentou um 4x2x3x1 com Mandanda, Azpilicueta, Heinze, Mbia, Taiwo, Cissé, Cheyrou, André Ayew, Lucho, Valbuena e Gignac. Os verdes definem bem este 4x4x2, fazendo-me lembrar o sistema táctico habitual no Brasil. Dois alas bem abertos e dois condutores de bola bem definidos, com dois avançados-centro complementares, um mais móvel (Perrin) e um mais fixo (Riviére). No entanto, o conceito de "volante" é diferente. Estamos na Europa e este St.Etienne tem no seu meio-campo o secotr mais forte. Jogadores com características complementares, à semelhança do que se passava no miolo benfiquista na época passada. Matuidi impõe as suas leis através do físico, recuperando várias bolas e ajudando muito defensivamente. Não sendo uma nulidade a construir, a sua tendência é tocar a bola para o lado, onde aparece normalmente Batles, o outro médio-centro da equipa. Aí, a equipa ganha mais inteligência na jogada e tanto pode sair um passe vertical como "largar" a bola para uma das alas.

É aqui que aparecem os dois craques da equipa: Sako, na esquerda, e Payet (na foto), na direita. O primeiro, 22 anos e francês, faz-me lembrar Varela na forma de jogar, arranca mas não inventa muito, apesar de gostar de pôr adornos em cada jogada que faz. Apesar de tudo, é extremamente eficaz a nível do passe e isso ajuda ao bom funcionamento da equipa. Quanto a Payet, 23 anos e nacionalidade francesa, é o melhor marcador da equipa e do campeonato, apesar de ser um extremo. Aqui reside uma das maiores armas da equipa francesa: Payet não se limita à ala-direita e cai várias vezes no centro da área para finalizar. Para além disso, tem velocidade e marca muito bem as bolas paradas. É ele o responsável por livres e cantos.

Por fim, falta falar no ponto fraco: a defesa. Penso que falta um lateral com pendor mais ofensivo para dar outra capacidade à equipa. Além disso, há um grande problema nos centrais: velocidade. Gignac isolou-se por duas vezes e numa delas marcou. Faltou velocidade a Monsoreau (exímio no jogo aéreo) e a Bocanegra e também a Ebondo (o lateral-esquerdo é o pior jogador do onze). Janot, na baliza, é uma autêntica muralha. Quando a equipa está a perder, é prejudicada pela falta de velocidade dos centrais, pois estes continuam a jogar muito atrás para a equipa não sofrer mais, obrigando Matuidi e Batles a correrem muito mais do que se toda a defesa jogasse em bloco alto. É aqui que reside o grande problema de Cristophe Galtier (treinador, na foto). De resto, grande equipa.

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