quinta-feira, 6 de maio de 2010

Acordar tarde

Domingo foi o FC Porto-Benfica. Para muitos, o jogo que traria, finalmente, um ponto final no campeonato, sendo o título conquistado pelos encarnados. A verdade, é que o futebol não se limita à lógica do mais forte: há emoções, e este clássico foi carregado delas; o FC Porto já não podendo chegar ao título, a possibilidade do Benfica conquistar o título na fortaleza azul-e-branca, o túnel da Luz, Hulk, adeptos enraivecidos e Falcão castigado. Tudo isto num 'derby'. E no fim, vitória portista, escapando à tal maldita lógica futebolística, mostrando que, não poucas vezes, as emoções levam a melhor sobre o melhor futebol. Estímulos competitivos. Não que estes faltassem ao Benfica, mas no Porto era diferente. E assim, o clássico acabou com 3-1, os dragões a jogarem com 10 unidades e a mostrarem toda a sua força, aquela que não demonstraram noutras alturas tão importantes da presente época e que tão necessária teria sido.

Mas isto mesmo abre outra questão. A questão do "acordar tarde" por parte do FC Porto. Tanta força que se vê neste fim de época faz os adeptos perguntarem o porquê de não ter sido demonstrada no recente passado. Várias explicações se perfilam: por exemplo, o sistema táctico não favorecer nem a acção de Guarín (agora como interior e com exigências técnicas diferentes) nem a acção de Belluschi (agora pegando na batuta como "10" puro, tal como Aimar faz no Benfica, favorecido claramente pelo 4x4x2); as lesões também não permitiram a Jesualdo mudar de esquema, apoiando-se sempre em Varela como "salvador da pátria"; e mais alguns factos que não ajudaram à época.

Esta série de oito vitórias consecutivas mostram que o Porto acordou para a vida. Tarde, é certo. Mas boas perspectivas se abrem para a nova época, sobretudo quem via e vê Guarín e Belluschi, dois "novos" jogadores, quem vê Álvaro Pereira finalmente certinho, Rolando a voltar ao nível do ano passado, Hulk a re-explodir, e ainda uma "ave de rapina" goleadora. Jesualdo para o ano? Disso duvido. Mas para quem vier, será mais saudável encontrar equipa em crescendo do que equipa destroçada como Paulo Sérgio irá encontrar em Alvalade. Este ano, no dia 21 de Março, o FCP pareceu dar por terminada uma época desastrosa do ponto de vista desportivo: perdia por 3-0 com o maior rival na final da Taça da Liga, já depois de ter sido goleado em Londres e Alvalade. Mas eis que renasceu das cinzas. O mês de Abril trouxe novos ares ao Dragão, trouxe novos jogadores, novas exibições e, sobretudo, novos resultados. Tanta vitória seguida ainda não se tinha visto este ano e agora tudo parece diferente. Mas é bom não esquecer o passado, não esquecer que Valeri, Tomás Costa ou Mariano continuam a ser opções insuficientes, Miguel Lopes ainda está verde e Rolando alterna entre picos de forma.

O Porto da próxima época terá de ser muito bem pensado. Mas a primeira pergunta será sempre esta: qual o sistema táctico? E a partir daí, formar um plantel pensando nesse esquema, mas dando-lhe capacidade para assumir outro. Basta acrescentar dois ou três jogadores de qualidade, mas também, de qualidade táctica (factor muito importante nos dias de hoje). Conquistar a Taça de Portugal é agora o próximo objectivo. Veremos como se sai...

Sem comentários:

Enviar um comentário