sábado, 20 de março de 2010

O pé de Kardec e os pés de Aguero


O blog anda um bocado apagado. Fase de mais trabalho e tal, é complicado. Agora que volto a escrever, "tenho" de escrever sobre a quinta-feira que passou. Quando Benfica e Sporting jogaram o seu futuro nas competições europeias. Os encarnados passaram, os leões não.

Ambas as tarefas se adivinhavam difíceis. O Benfica pior estava, que empatou a uma bola em casa (com golo sofrido no último minuto); o Sporting, por seu lado, precisava de ganhar em Alvalade ao Atlético de Madrid. O futebol é imprevisível e uma vez mais, nesta quinta de Liga Europa, ficou provado isso mesmo. Desde logo, a Juventus perdeu 4-1 frente ao Fulham (depois de ganhar 3-1 na 1ª mão e de estar em vantagem em Inglaterra logo aos 9 minutos); o Valência empatou a quatro em Bremen. Depois, o Benfica passou em Marselha e o Sporting foi eliminado em casa.

Mas comecemos pela parte negativa: o Sporting. Era um jogo de tudo ou nada; a nível interno, os objectivos dos sportinguistas limitam-se a um pobre 4º lugar e a Europa servia, até quinta-feira, como escape e como grande prioridade para a época corrente. Mas Carriço, Tonel e Grimi não podiam jogar (o primeiro por lesão e os outros dois por castigo) e, para piorar, Costinha riscou o nome de Izmailov da lista de convocados. Ainda pior: Yannick, que tão bem andava a jogar, também estava lesionado e não pôde dar o seu contributo à equipa.

Foi um Sporting condicionado (e muito!) aquele que entrou em campo. Mas a verdade é que, apesar de todos os condicionalismos possíveis, Carvalhal não entrou da melhor maneira. A melhor maneira de manter a estrutura que tantas boas exibições tem dado ultimamente aos adeptos, era trocar Yannick por Vukcevic e Izmailov por Saleiro. Mantendo o 4x2x3x1, a zona pressionante "Pedro-Mendes-Veloso-Moutinho" não seria desfeita. Mas com a introdução 4x4x2, a equipa perdeu as noções tácticas que estava a interiorizar até esta altura, ficando confusa como na altura dos 7 jogos consecutivos sem ganhar. Pareceu então perder-se. A escolha de Pereirinha não foi feliz e a entrada tardia de Matías também não. O 4x4x2, com Saleiro ao lado de Liedson e uma linha de quatro homens no meio-campo, acabou por prejudicar a maneira de defender da equipa. Caneira, com falta de ritmo, e Pedro Silva, com a (falta de) qualidade habitual, prejudicaram a manobra defensiva do Sporting. Todos estes factores estiveram na origem de um empate com sabor a derrota. O Sporting jogou bem; mas bem não chegou e a eliminação chegou pelos pés de um rapaz de 21 anos, que dá pelo nome de Kun Aguero. E assim, nem a Europa salvou uma péssima época do clube de Alvalade.

NÃO FOI MÃO DE VATA, MAS FOI PÉ DE KARDEC

Depois, Marselha. A parte positiva de um dia longo para Portugal a nível futebolístico. O Benfica voltou a ser grande a nível europeu. Voltou a sê-lo na melhor hora, quando o tempo se esgotava e a eliminatória estava bastante difícil. 1-0 aos 70 minutos depois de tanto desperdício, de tão bem jogar, custava. Di María falhou três, Cardozo atirou ao poste, o Benfica dominava desde os dez minutos mas Júlio César (sempre ele) fez porcaria. Niang aproveitou e marcou.

Mas houve um erro de Deschamps ao longo no início do jogo: começou da mesma maneira que na Luz, jogando na tentativa de tapar as principais peças benfiquistas (desde logo lhe saíram os planos furados porque Martins jogou em funções diferentes das de Aimar, confundindo o meio-campo francês) pensando que Jesus não iria analisar o jogo da primeira mão. Bem, Jesus soube como contra-atacar na perfeição. Martins trocou as voltas a Cissé, base do sector intermediário do Marselha, e acabou por ser decisivo enquanto esteve em campo. Depois, entrou Aimar para decidir. Mas para uma posição diferente (lugar de Saviola). Ainda confundiu mais o Olympique. O golo de Niang foi grande injustiça. Mas a justiça foi colocada pelos pés de Super Maxi e o empate chegou passado quatro minutos.

Depois, o tempo ia passando. Adivinhava-se o prolongamento. Mas o Benfica tentava evitar; jogava, atacava, massacrava. Caía em cima dos franceses como se estivesse a jogar em casa e a perder a eliminatória. Não se acobardou. Jogou para ganhar como gente grande. Aos 87 minutos, Cardozo isolou-se. Já se festejava o golo, mas... POR CIMA! Desespero. Três minutos depois, livre. Aimar para bater. Cruzou, há um desvio, o ressalto vem para Kardec que, com pouco ângulo, atira um petardo para a baliza do desprotegido Mandanda. Golo e apenas uma realidade: adeus prolongamento, olá quartos-de-final! Vitória com toda a justiça. Justiça é a palavra certa. Um grande Benfica jogou em Marselha. A mesma postura deve ser mantida quando defrontar o Liverpool. Assim, tudo é possível. E venham os ingleses!

Sem comentários:

Enviar um comentário